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Deus não nos decepciona

12/06/2020

Deus não nos decepciona

Diácono Artur Pereira - Arquidiocese de Teresina (PI) - CRD Nordeste IV

Nesta terça-feira, 09 de junho, celebramos com toda a Igreja a X Semana do Tempo Comum, e o Evangelho que a liturgia nos propõe a partilharmos é de Mateus, capítulo 05, versículos de 13 a 16, também festejamos, São José de Anchieta, o patrono da catequese no Brasil. Pegue sua bíblia, leia e reflita comigo em clima de oração.

Nós como comunidade devemos nos reunir para festejar a fé no Deus da vida. Fazemos parte de um povo comandado por Deus, somos seu povo e aliados na construção de uma sociedade na qual a justiça tempera e ilumina nossas relações, precisamos nos aliar com amor, fé e confiança a este Deus que quer nos salvar apesar de nossas fraquezas. Paulo nos ajuda a compreender que nossa fraqueza se transforma, quando nos colocamos diante do poder de Deus: “Pois resolvi nada saber entre vós a não ser Jesus Cristo crucificado. Por isso estive diante de vós fraco, receoso e todo trêmulo; a minha palavra e a minha pregação nada tinham de discursos persuasivos da sabedoria, mas era uma demonstração feita pelo poder do Espírito, a fim de que a vossa fé não se fundasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus” ( 1Cor 2, 2-5).

A eucaristia é a nossa grande catequese, nela vivenciamos a força da partilha, Jesus Cristo nos alimenta com seu corpo e com seu sangue, para aprendermos que só seremos sal da terra e luz do mundo, se repartirmos com os necessitados o que temos para nos alimentarmos e nos abrigarmos. Em 1Cor 2, 2-5, (acima citado), Paulo nos ensina que tudo isto não deve ficar apenas na teoria e no discurso, mas devemos sem medo experimentar o amor de Deus que se traduz em partilha.

O Evangelho que ora refletimos está no contexto do sermão da montanha, a nova constituição do povo de Deus. Por meio de Jesus o Pai se faz conhecer através dos pobres e perseguidos por causa da justiça. Os destinatários desta mensagem foi e continua sendo as multidões que procuravam e procuram repousar suas dores, angustias, tristezas nos braços de Jesus: “Ao ver as multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se, e seus discípulos aproximaram-se dele. E tomando a palavra ele os ensinava” (Mt 5,1-2).

“Vós sois o sal da terra” - o sal lembra muitas coisas, não apenas um elemento que conserva alimentos e que evidencia o sabor, mas o povo da bíblia dava-lhe grande importância como um elemento que purifica e que transforma, alimento impuro em alimento puro. Vejam o que lemos no livro de Jó: “O que é insosso come-se sem sal? Encontra-se gosto na baba da malva? Minha garganta não os consegue engolir, são alimentos imundos para mim.” (Jo. 2, 6-7).

No livro dos Números encontramos a expressão “Aliança consagrada pelo sal” ela recorda que entre Deus e o povo há um pacto indestrutível em favor da libertação. Só seremos sal da terra, se nos aliarmos a Deus, contribuindo para a construção de um mundo onde reine a liberdade, justiça e caridade.  “Em virtude da lei perene dou a ti, a teus filhos e tuas filhas todos os tributos que os filhos de Israel reservam para o Senhor dentre as coisas santas. Esta é – para ti teus descendentes – uma aliança consagrada pelo sal, perene aos olhos do Senhor” (Nm 18, 19).

“Vos sois a luz do mundo” - no evangelho de João, Jesus declara: Enquanto eu estiver no mundo, eu sou a luz do mundo” (Jo. 9, 5), já no evangelho que ora refletimos Jesus declara: “Vós sois a luz do mundo [...]” (Mt. 5, 14).  Para o povo da bíblia, a luz recorda o primeiro ato do criador, ato este que iluminaria toda a criação: “[...] e Deus disse: Que a luz seja!” (Gen. 1, 3), este momento foi o ponto de partida para o processo de harmonia. Me recordo de José Bortolini, em seu livro “Roteiros Homiléticos”, ele diz que: “As mães judias celebravam, ao cair da tarde, o rito da luz, ao acender lâmpada que marcava o inicio do sábado, cercado dos filhos mais novos recitando a extensa oração:  faz descer em todas as casa dos judeus, enchendo-as de uma paz há muito esperada e saudada com alegria; fazendo de cada casa um santuário, do pai um sacerdote, e da mãe que acende as velas um anjo de luz.” (pag. 144).

Concluímos que a nova ordem social comunicada por Jesus, no sermão da montanha, deve passar pelos pobres em espírito e os perseguidos por causa da justiça, que como luz deve brilhar para todos (luz do mundo). Somos estes destinatários, que devem iluminar a escuridão, não com luz própria, mas como reflexo da luz de Cristo que veio para nos tirar da escuridão do pecado e da morte, e nos conduzir pelo caminho da salvação. Enquanto sal, nos associamos a Jesus para sermos transformados e, ao mesmo tempo, sermos agentes transformadores de um sistema social sem o sabor da unidade em Jesus; palavra libertadora e da caridade que deve unir-nos com verdadeiros irmãos em Cristo Jesus Nosso Senhor.

Que a benção de Deus Pai todo Poderoso, rica em misericórdia, desça sobre você e sua família, e que a Semente da Caridade cresça e frutifique em sua vida e de sua família.

Referências bíblicas: tradução TEB*

Roteiros Homiléticos. A, B, C - Pe. José Bortolini* 

Diácono Artur Pereira

Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Arquidiocese de Teresina

Revisão Wellington Fabrício 

* Artigo de responsabilidade do autor.