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Discernimento dos bispos

26/07/2010

Diácono José Carlos Pascoal

Assessor de Comunicação da CND (ENAC), Presidente do Regional Sul 1 e agenda da PASCOM diocesana.

 

Reunidos em Aparecida durante a 72ª Assembléia dos Bispos do Regional Sul 1 (Estado de São Paulo), no período de 29 e 30 de junho e 1º de julho de 2010, os Bispos das Diocese paulistas apresentaram as orientações "VOTAR BEM", sobre as eleições deste ano.

Essas orientações visam uma "participação consciente e responsável no processo político-eleitoral deste ano". Os Bispos têm consciência da missão pastoral, do pastoreio, do discernimento no Espírito que norteia suas ações públicas em favor do Reino de Deus e do povo.

O processo político brasileiro, democrático como é, tem dado sinais de melhora, com a eleição de "caras novas" que trazem novas idéias e propostas mais decentes. Mas, as "velhas raposas" continuam a querer "dar as cartas", a querer manipular o eleitorado, na conhecida "política do cabresto", do curral eleitoral.

São essas "velhas raposas" que ansiamos ver fora do cenário político. A Lei da Ficha Limpa foi uma estupenda conquista do povo, dando sequencia à outra Lei gerada no meio do povo, com participação ativa da Igreja, a chamada "Lei 9840". Mas, aos poucos, as "velhas raposas" vão achando brechas na Lei e, aos menos dois deles, já conseguiram liminar para participar do pleito.

"O poder político emana do povo. Votar bem é um exercício importante de cidadania, por isso não deixe de participar das eleições e exercer bem este poder. Lembre-se que seu voto contribui para definir a vida política do País e do nosso Estado", escrevem os Bispos. Quantas vezes nos deparamos com certo acomodamento diante da situação de poder mal exercido, de corrupção: "não adianta lutar", dizem alguns; "também vou me aproveitar", dizem outros. "No governo anterior também aconteceu corrupção e mensalão", dizem os políticos do mandato atual.

Precisamos mais do que nunca lutar. Portanto, é atitude errada deixar de votar ou anular o voto. É preciso ao menos tentar eleger políticos decentes. Para isso, é necessário conhecer as propostas dos partidos (embora não cumpram o que prometem em seus estatutos). É preciso conhecer os projetos dos candidatos (embora a campanha eleitoral acabe sendo momento de denegrir e difamar adversários).

Lembro de que, em certa ocasião, um fiel de igreja não católica, tentando "converter-me", falou muito e mal da minha Igreja, Católica, Apostólica, Romana. Interrompi sua fala para dizer: "porque não fala bem da sua religião, em vez de falar mal da minha?" Algum tempo depois me procurou para falar que refletiu sobre minha fala e que procuraria viver melhor a sua fé. Isso deveria valer para os candidatos: porque se preocupar em falar mal dos adversários e partidos contrários, e não se preocupar em apresentar propostas inovadoras em favor do povo?

Dizem ainda os Bispos: "Voto não é mercadoria. Fique atento à prática da corrupção eleitoral, ao abuso do poder econômico, à compra de votos e ao uso indevido da máquina administrativa na campanha eleitoral". Não tenha medo, denuncie. Seja profeta: anuncie e denuncie. Anuncie a justiça através da Palavra de Deus e denuncie as injustiças. Não seja conivente com a situação atual, onde alguns políticos parecem "adorar" flertar com a impunidade.

"Votar é importante, mas ainda não é tudo. Acompanhe, depois das eleições, as ações e decisões políticas e administrativas dos governantes e parlamentares, para cobrar deles a coerência para com as promessas de campanha e apoiar as decisões acertadas", conclui o documento dos Bispos paulistas.

É importante ainda prestar atenção nos candidatos que "de repente, começam a participar de tudo na Igreja, de velórios a "rezas" nas casas. É preciso estar atentos para não ser enganados pelos "oportunistas", que se dizem católicos praticantes "desde criancinha". Eles sabem os nomes dos padres, diáconos, agentes de pastoral, e fazem de tudo para parecerem íntimos. Nós conhecemos quem participa da Igreja. A Igreja, a Comunidade, as Pastorais e Movimentos não devem fazer campanhas e pedir votos, mas, assim como fizeram nossos bispos, orientar para que votem bem e possam eleger pessoas dignas.

 

Data do artigo: 26/07/2010