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Momento de crise - momento de reflexão e ação

26/07/2010

Diácono José Carlos Pascoal

Assessor de Comunicação da CND (ENAC), Presidente do Regional Sul 1 e agenda da PASCOM diocesana.

Sem querer ser pessimista, estamos vivendo um momento de crise política no Brasil. Quase no auge e no ápice da Campanha Eleitoral, surgem mais uma vez escândalos que podem alterar o quadro eleitoral. É momento de crise, que nos chama à reflexão e à ação.

Enquanto isso, nós somos obrigados a ouvir e assistir na campanha, em especial no rádio e na televisão, a exposição de candidatos sem qualificação, chamados por seus partidos de "puxadores de votos" por causa da sua condição de "artista", de ex-jogador de futebol e por aí afora. Candidato que tem a petulância de dizer que desconhece a função de legislador e que "pior que está não fica". Partido que rasga seus estatutos e programas para acolher "fichas sujas", na esperança (certeza?) de que os tribunais lhes dêem condições de ser diplomados se eleitos.

A avalanche de denúncias, de dossiês, de entrar na intimidade do adversário torna degradante o momento político do país. A imprensa, ainda bem, cumpre seu papel de informar o eleitor, mas há candidatos que acham que não precisam apresentar programa de governo ou de atuação nas casas Legislativas: basta descobrir os "podres" do adversário ou da adversária e "fazer chegar aos jornais", esperando com isso obter mais votos. Isso tudo é conseqüência da impunidade que, infelizmente grassa no país. E essa situação só poderá mudar se elegermos pessoas dignas para os cargos executivos e legislativos.

"A sociedade humana não estará bem constituída nem será fecunda a não ser que lhe presida uma autoridade legítima que salvaguarde as instituições e dedique o necessário trabalho e esforço ao bem comum". Chama-se "autoridade" a qualidade em virtude da qual pessoas ou instituições fazem leis e dão ordens a homens, e esperam obediência da parte deles. (CIC, 1897)

Felizmente surge uma luz nesses tempos difíceis: "O Grito dos Excluídos", promovido pela CNBB em todo o Brasil. "Grito" para "lembrar" aos mandatários e legisladores atuais e aos candidatos que não adianta fazer falsas promessas que não poderão cumprir ou, a exemplo da alguns, "esquecer o que disseram em campanha". O povo está cansado e está cada vez mais atento. Há uma conscientização política em andamento que deveria preocupar os "apegados ao poder". "Grito" para lembrar que não adianta comemorar a Independência do Brasil se há tantos excluídos, aos quais não chegam ao menos lenitivos para suas situações e condições por causa da corrupção.

"Nossa fé proclama que 'Jesus Cristo é o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem'. Por isso, 'a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza'. Essa opção nasce de nossa fé em Jesus Cristo, o Deus feito homem, que se fez nosso irmão (cf. Hb 2, 11-12). Opção, no entanto, não exclusiva, nem excludente" (CIC, 392).

A Igreja, em todos os rincões da Pátria, lança seu "Grito dos Excluídos" a partir da casa da Mãe Aparecida e ecoa não somente no dia 7 de setembro, mas em todos os dias do ano, para que as autoridades cumpram suas obrigações e zelem pelos pobres. Propaganda "não mata a fome, nem traz melhores condições de saúde, de educação, de moradia, de transporte".

A Igreja está fazendo sua parte, assim como outras instituições das várias denominações religiosas. Cabe aos políticos cumprirem suas partes.

CIC - Catecismo da Igreja Católica.

Data do artigo: 26/07/2010