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A Fé e a Educação

22/11/2019

Diácono José Carlos Pascoal – Paróquia São Benedito de Salto/SP 

Presidente da CRD Sul 1

Há alguns dias, presidindo uma celebração numa comunidade da paróquia São Benedito de Salto, refletindo a missão de João Batista, perguntei à pequena assembleia se havia dificuldades na evangelização e quais seriam essas dificuldades. O propósito foi o de provocar a partilha.

O primeiro a se manifestar falou da dificuldade em anunciar os bens morais e religiosos, porque não querem ouvir: desconversam, são mais agressivos porque se sentem incomodados. Chegou a conclusão de que é melhor salvar os seus e deixar as coisas acontecerem. Lembrei-me de que, num debate numa rede social, uma senhora escrevia sobre a dificuldade das pessoas ouvirem conselhos, mesmo que na família. Dizia que alertava pessoas sobre o despejo de lixo em vias públicas, a despreocupação em separar o lixo reciclável, o vandalismo de com relação aos recipientes de lixo orgânico, mas que recebia de volta ofensas ou simplesmente ignorância.

Procurei saber como andava a relação familiar no tocante à religiosidade, à moral e bons costumes, o respeito às pessoas idosas. Quase todos foram unânimes em afirmar que está cada vez mais difícil dialogar nos lares. Ninguém tem tempo de ouvir (ou de falar). “Somos passageiros em nossos lares”, resumia um. “Só nos reunimos para festas, com o perigo dos exageros na bebida, e mesmo as festas estão rareando por falta de diálogo entre as pessoas da mesma família”, dizia outro.

Já se disse muitas vezes que o problema é educacional, mas como educar se os pais não tem tempo? Deixam essa função primordial para os professores, que mal conseguem ensinar e têm dificuldades em manter a disciplina. Na questão religiosa é o mesmo drama: a chamada Catequese Familiar, que propõe a participação dos pais na formação religiosa dos filhos, conta com pequena participação de pais, como se as mães fossem as únicas responsáveis pela educação moral e religiosa dos filhos.  Há casos em que os dois não acham tempo (ou não querem), e passam a função de acompanhamento catequético aos avós.

Até poucos anos atrás dizíamos que as casas tinham uma “babá eletrônica”, a televisão. Hoje, com o advento da Internet e a facilidade de se ter celulares, cada vez mais avançados tecnologicamente, mudam-se as “babás”, ficam cada vez maiores os problemas da falta de diálogo no lar. Quando digo que até hoje meu filhos jovens pedem a bênção, informam aonde vão e onde estão, dizem que é utopia, que é “coisa forçada” e tal. Digo que, felizmente, estamos, como pais, transmitindo boa parte do que aprendemos com nossos pais, em termos de respeito, educação, religiosidade.

Acreditemos em dias melhores, ainda que nos chamem de saudosistas e retrógados.