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Chile na cruz, que dor!

27/11/2019

Chile na cruz, que dor!

Por: Diácono Miguel Angel Herrera Parra - Chile

Dói-me ver a grande desigualdade económica e social que há no Chile; e me dói muito mais a incerteza de não saber se as exigências justas dos pobres, os vulneráveis, os sem voz, serão ouvidas e respondidas pelas pessoas que estão nas esferas altas.

Dói-me a destruição e a ação de transformar os espaços da minha cidade em lixo; mas, mais  dói-me, o dano crescente e grave para a saúde mental de seus habitantes, aqui e ali.

Dói-me o abuso crescente de todas as personagens e pessoas revestidas de autoridade na sociedade; mas, minha alma dói mais, vendo o desprezo, a indiferença e a negligência que existe para com os idosos, em suas próprias famílias.

Dói-me a linguagem tendenciosa, para um lado e para o outro, das notícias transmitidas pelas mídias sociais; mas, mais dolorosamente, a linguagem cheia de ódio e vingança, de desconfiança e medo, que usamos, cotidianamente, os próprios cidadãos.

Dói-me a falta de liderança humana, política e religiosa que constatamos em nossa sociedade; mas, dói muito mais as "lideranças" mesquinhas e diárias de arrogância, provocação e maldade, que estão seduzindo os corações de muitos, a nível local.

Dói-me que toda demanda setorial justa não seja tão cedo escutada e resolvida, mas dói-me muito mais, que, como cidadãos, esqueçamos e não busquemos o bem comum para todos nós que habitamos em nosso país, agora e no futuro.

Dói-me os mortos e feridos nessas manifestações sociais, me dói e sou ferido pelos torturados e abusados pela polícia, e também me dói os policiais linchados e queimados por uma multidão;  mas, o que mais me faz sofrer, é ver que estamos nos transformando em verdadeiros “zumbis”, que nada os comove, r que estamos nos aos estados de exceção, a esperar que, magicamente, finalmente, alguém vai apresentar uma solução.