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Viúvas de diáconos

05/02/2020

Viúvas de diáconos

As viúvas de diáconos necessitam de ajuda e apoio da Comunidade Diaconal

Por: Carlos Briceño, jornalista católico de Illinois.

Fonte: https://diaconofrancis.wordpress.com/

Tradução: Diácono José Carlos Pascoal - ENAC / CND

 

Quando alguém morre, a perda está sempre presente. Para algumas esposas de diáconos. Quando seus esposos morrem, essa perda pode ser duplamente difícil: perder um esposo e sua profunda participação juntos na comunidade diaconal.

 

O esposo de Barb Dyer, Donald, foi diácono na Igreja de Santa Rosa em Wilmington, Ilinois (EUA), durante 27 anos até sua morte em 2013. Barb Dyer compartilhou seu diaconado, o acompanhando desde sua formação. Ofereceram aconselhamento matrimonial como um ministério, juntos. Estiveram juntos em eventos diaconais. “Depois da sua morte, sinto que perdi uma família”, disse. Uma das maiores perdas é o intercâmbio, a troca de experiências em que esteve presente com outros diáconos e suas esposas, completou Barb.

Assim como os homens empreendem jornadas de fé quando se tornam diáconos, suas esposas também viajam. Em general, se trata de muitos sacrifícios. Por exemplo: quem cuida dos filhos à noite se seu marido está na Igreja, de pé junto ao sacerdote durante a missa? A esposa. Quem se senta sozinha no banco da igreja quando seu esposo está no altar, de pé junto ao sacerdote durante a missa? A esposa. Estes sacrifícios significam que a espoa tem que aprovar a formação diaconal e a vida de serviço de seu esposo depois de ordenado. Como James Keating escreveu em seu livro “El corazón del diaconado”, “uma esposa sabe quando seu esposo recebeu um chamado porque está pronta para enviá-lo”, isso é uma parte inerentemente importante da mentalidade de uma esposa enquanto seu esposo diácono está vivo.

Mas, o que acontece quando seu esposo morre? Quem apoia as viúvas dos diáconos, seja espiritualmente ou em geral? Essa foi uma pergunta recorrente feita à várias viúvas de diáconos, e suas histórias revelam perda, mas também esperança.

Sistema de apoio

O esposo de Sharon Barr se tornou diácono em 1983 na Diocese de Peoria, Illinois. Mais tarde se mudaram para a Diocese de Phoenix em 1986. Ela recorda que, naquela época, a vida como diácono para seu esposo e para ela como esposa não era tão fácil. “As Paróquias não sabiam o que fazer com as esposas dos diáconos”, disse. “O pároco não sabia o que fazer com os diáconos, e as esposas ficaram a esperar, supondo que as chamariam”

Também recorda que conhecia algumas mulheres que pareciam pensar que também estam se preparando para serem diáconos. Como resultado, disse, essas mulheres pensaram que “poderiam dirigir a paróquia”. Sharon não estava de acordo com a mentalidade dessas mulheres e, em troca, apoiava seu esposo de forma em que sentia que uma esposa deveria ser: cuidar dos filhos, corrigindo suas lições da escola, partilhando informações de livros. “Eu não iria estar à frente dele no altar”, disse, falando em sentido figurado. Ela viu sua formação diaconal como uma forma de crescer na fé. Então, ela iria com ele à suas aulas de formação”, disse. Na Diocese de Phoenix, uma vez que o bispo Dom Thomas Olmsted se converteu no pastor dessa diocese, se assegurou de que as esposas dos diáconos fossem incluídas em diferentes programas durante todo o ano.

Depois que seu esposo, Earl, morrera fazia 18 anos, ela regressou à Diocese de Peoria e, como viúva de um diácono, não tinha notícias de nenhuma outra na Diocese. Não há forma de alcance para um apoio, disse. Ela decidiu que isso tinha que mudar. Sua recomendação: peça à esposa de outro diácono que entre em contato com o cônjuge que ficou para trás, mesmo que seja uma nota que diz: "Estou pensando em você" ou "Estamos orando por você". “Algo para fazê-las saber que estão pensando”, disse Sharon. “Creio que as mulheres mais jovens, de 50 e 60 anos, realmente o apreciariam”.

Também observou que alguns diáconos não tiveram filhos, por isso que é importante que a Igreja se aproxime dessas esposas que agora são viúvas, porque podem ter menos sistema de apoio à medida que envelhecem. E à medida que as viúvas de diáconos envelhecem, a comunidade diaconal de que fizeram parte também envelhece. “Muitos desses diáconos terão falecido”, disse, acrescentando que se manteve em contato com várias mulheres depois da morte de seus maridos. E logo ela perdeu seus números.

Algo falta

Quando o esposo de Ann Worden, William, ele ex-diretor da Escola Diaconal da Diocese de Joliet, Illinois, morreu em 2012, com a idade de 78 anos, tinha exercido o ministério diaconal durante 32 anos. Embora ainda sinta falta do marido, ela disse que é abençoada por ter um ótimo sistema de apoio. Ela tem uma família que vive perto dela, desde seus bisnetos até sua irmã. Também segue vivendo na mesma casa em que mora há 50 anos. Mas, falta algo. “Quando o esposo morre e é um diácono, de repente toda esta família da qual fazias parte, já não é mais parte. Então, é uma perda”, disse.

A Diocese de Joliete, disse, tem apoiado as viúvas de diáconos, inclusive convidando-as a jantar nos encontros do diaconado e organizam um dia somente para as viúvas, onde elas partilham sobre o que mudou em suas vidas depois da morte de seus esposos.

“Pode ser devastador perder uma grande parte de sua vida”, disse. “Já há perdido seu esposo e agora perde outra parte... É como ter filhos e de repente se vão. É algo com que tens que lidar”.

Quando há eventos em que ela, como viúva, é convidada, diz que pode dirigir até ali, mas sugere que para aquelas que não podem dirigir devido idade ou enfermidade, as dioceses peçam à alguns diáconos para oferecerem condução. Ela também espera que os homens que estão se preparando para o diaconado, possam receber algum treinamento para receberem e apoiarem as esposas viúvas de diáconos de vez em quando. “Sei que não perece muito, mas é muito importante lembrar de ser inclusivo com todas as pessoas da família diaconal”, disse Ann.

Ministério

Outra esposa viúva de diácono, Pat Dennison, tem uma experiência diferente. Seu esposo Jim, foi ordenado em 2003 na Diocese de Joliet. O casal logo se mudou para a Diocese de Green Bay. Jim morreu em 2016. Durante os anos em que o esposo foi diácono, Pat esteve ativa em seu próprio trabalho ministerial, mas ela também continuou trabalhando com seu esposo no seu próprio ministério. Como estava inserida em muitos serviços ministeriais, conheceu aos diáconos mais que a suas esposas, disse. Desde a morte de seu esposo, Pat disse que sente uma perda por não por não estar tão conectada com a comunidade diaconal, mas tem o apoio dos grupos nos anos posteriores a morte de Jim: os do hospital em que trabalha como capelã e um grupo de amigos da paróquia, onde agora é membro. “Agora são meu grupo de apoio”, disse Pat.