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Ação Social ou Ação Caritativa

15/07/2008

Diácono José Carlos Pascoal

Num momento de partilha num Encontro de Formação de Diáconos, surgiu a seguinte questão: o Diácono “precisa” exercer seu ministério numa Pastoral Social? O argumento surgiu porque o presidente exortava todos a valorizarem mais a Dimensão da Caridade, não em detrimento da Dimensão da Palavra nem da Dimensão da Liturgia, mas como conseqüência: dar testemunho da Palavra celebrada.

A exortação do presidente tinha razão de ser: a maioria dos Diáconos preferia mais a ação celebrativa/sacramental. Havia diáconos que diziam não ter “carisma” para uma ação social efetiva. Questionava-se também que o atendimento do diácono numa entrevista de matrimônio, batizado, ou aconselhamento pessoal ou familiar, tinham um caráter social, portanto, segundo esses, exerciam uma Pastoral Social.

Ao pedir minha opinião, lembro de ter dito: tudo tem um aspecto social, seja pela sociabilidade do contato, da acolhida, seja pelo efeito positivo que tem para a pessoa acolhida. Mas é preciso discernir o que é uma “ação social” do que é uma “ação caritativa”. Os defensores dessa idéia diziam: se celebramos com amor e carinho um Batismo, um Matrimônio, estamos fazendo ação social diaconal. Isso vale para a Celebração da Palavra e o atendimento paroquial.

Continua a ser uma questão de ponto de vista. Para mim, é uma questão de carisma, de exercício, de perguntar ao Senhor, como Paulo: “Que queres que eu faça?” (At 9,6). Maria, nas Bodas de Cana, já antecipava a resposta: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Então, fazer a vontade do Senhor é estar atento às necessidades do nosso próximo. Quando o Papa Bento XVI diz aos Diáconos para “estarem atentos às novas formas de pobreza”, é porque a Igreja, o Papa confia nos Diáconos para que cumpram o seu ministério.

Há Diáconos (perdoem a expressão) que não gostam de desgrudar o umbigo do Altar, do Ambão. Sentem-se valorizados assim. Valorizando somente a Dimensão Litúrgica, o diácono corre o risco de não se completar em seu ministério. É no testemunho da Palavra, celebrando dignamente a Liturgia, que o Diácono encontra força e motivação para exercer a Caridade. O exercício e testemunho da Palavra vivida na Liturgia abrem o coração e a mente para ver as necessidades dos pobres. O Documento de Aparecida (nº 207) é bem claro: “Eles (os diáconos) devem receber adequada formação humana, espiritual, doutrinal e pastoral com programas adequados que levem em consideração – no caso dos que são casados – a esposa e a família. Sua formação os habilitará a exercer seu ministério com fruto nos campos da evangelização, da vida das comunidades, da liturgia e da ação social, especialmente com os mais necessitados, dando assim testemunho de Cristo servidor ao lado dos enfermos, dos que sofrem, dos migrantes e refugiados, dos excluídos e das vítimas da violência e encarcerados.”

O exemplo da Escola Diaconal Santo Efrém, de Belém do Pará, de fazer com que os candidatos façam um estágio de dois anos na Cáritas Arquidiocesana, prestando serviços nas Pastorais Sociais, com certeza fará com que tenhamos diáconos cada vez mais comprometidos com a Dimensão do Ministério Diaconal como um todo. Como dizia um dos padres formadores no meu tempo de escola diaconal em Jundiaí: “Ser ministro extraordinário da Comunhão não é referencial maior para ser Diácono; o que conta mesmo é a vocação suscitada pelo Espírito Santo, alimentada pela Igreja, somada ao exercício pastoral numa comunidade, em especial com os menos favorecidos”.

O que nos alegra é a confiança de muitos bispos que estão confiando os trabalhos sociais, especialmente das Cáritas, aos Diáconos. Que isso sirva de testemunho e incentivo aos candidatos ao Diaconado, e que os formadores das Escolas Diaconais sejam motivadores do exercício pastoral nas comunidades.

Assessor de Comunicação da CND (ENAC) e do Regional Sul 1

Data do artigo: 15/07/2008