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Acidental ou essencial?

09/11/2009

Diácono José Carlos Pascoal

Assessor de Comunicação da CND (ENAC) e Presidente do Regional Sul 1

Às vezes ficamos com o acidental em detrimento do essencial. Preocupamos-nos com detalhes que podem ser superados com discernimento e, com isso, deixariam de ser preocupações.

Uma das preocupações que frequentemente levo em consideração é em relação ao reconhecimento da pessoa e do ministério do Diácono Permanente. Participando nos últimos anos de muitas reuniões e encontros nos quais a CND - Comissão Nacional dos Diáconos e a CRD Sul 1 - Comissão Regional dos Diáconos têm marcado presença, percebo que o Diaconado é "sutilmente" esquecido nos comunicados, nas citações de palestrantes e no material de propaganda de alguns encontros.

Muitas vezes fui ousado em interromper pregador, palestrante, presidente ou coordenador de pastoral ou organismo para "lembrar" que o diaconado está representado no evento. Um dos mais freqüentes exemplos: nos comunicados - "... os bispos, presbíteros, religiosos e leigos"; em várias orações vocacionais - "... rezemos pelas vocações sacerdotais, religiosas, missionárias, leigas (o Diaconado não é vocação?); em orações da Comunidade nas Celebrações: "... Que os Bispos, padres, religiosos, ministros e leigos sejam realmente pastores... (Diácono não é ou não pode ser Pastor ou ao menos animador de Comunidade?).

Em reuniões regionais, diocesanas, paroquiais e comunitárias, mesmo com a presença dos diáconos, é omitida a citação dos mesmos. Inclusive em acolhida de Celebrações Solenes, com grande número de Diáconos presentes é omitida a referência à presença.

Outro exemplo: numa Celebração solene diocesana há grande número de diáconos permanentes presentes. Mas as funções são exercidas pelos diáconos transitórios. Já ouvi de padre responsável pela Liturgia numa Diocese: "é preciso valorizar o diácono transitório para que ele seja melhor padre". Respondi: "Mas neste momento ele é diácono transitório: porque não participa de reuniões do diaconado permanente, não visita as favelas, os presídios?" Para me melindrar disse: "O diácono transitório está mais preparado liturgicamente falando porque acaba de concluir o curso". Cheguei à conclusão que o "acidental" estava me preocupando muito e disse: "meus irmãos diáconos e eu precisamos provar que conhecemos Liturgia". Conclui: "À mulher de César não basta ser, é preciso parecer".

Rezando muito sobre isso, chego à seguinte conclusão: isso é meramente acidental. Dói não ser reconhecido? Dói, mas é mais importante ao Diácono "fazer" que "aparecer". Embora ainda procure "corrigir" quando é omitida a nossa presença em eventos, tenho tomado o cuidado de "mostrar" o diaconado através do serviço prestado.

Nossa presença em eventos não é marcada pela atuação ministerial nas celebrações, mas no serviço prestado, na representatividade, na efetiva participação nas reflexões, nos debates. O "essencial" supera o "acidental" quando somos reconhecidos pelos serviços prestados não somente nos eventos e reuniões, mas, principalmente nas comunidades, no trabalho social da Igreja, no auxílio aos pobres.

Quanto mais discutirmos o "acidental" (ainda há bispos, presbíteros e leigos que não se "acostumaram" com o diaconado), menos viveremos o "essencial", que é o exercício pleno do ministério: Palavra, Caridade e Liturgia. Como testemunha uma amiga consagrada: "nós também somos esquecidas". Será que ainda não se acostumaram também com a Vida Consagrada?

Maria Santíssima, Santo Estevão e São Lourenço rogai por nós!

Data do artigo: 09/11/2009