Home | Publicação | ANO NOVO PARA UM CORAÇÃO NOVO

Compartilhe:

ANO NOVO PARA UM CORAÇÃO NOVO

29/12/2025

ANO NOVO PARA UM CORAÇÃO NOVO

* Diácono Leandro Henrique Rodrigues Martins

Passadas as festividades de fim de ano, junto com os excessos de fartas ceias próprias desse tempo, chegou a época daquele forte desejo de começar um novo ciclo cheio de promessas. Tirar do papel aquele empreendimento empresarial, praticar mais atividade física para cuidar da saúde e cravar o tão sonhado número na balança, fazer um intercâmbio cultural, ter mais tempo de qualidade com as pessoas.

Essas e outras inúmeras promessas têm a sua importância, porém é necessário colocar fundamento, consistência e sentido naquilo que se almeja alcançar. Quantos se cansam por fazer inúmeros planos e que, antes que o mês de janeiro acabe, frustram-se pela perda do vigor de promessas tão recentes? “Ô promessa desgraçada, ô
promessa sem jeito!”, já dizia o auto de conhecido personagem.

Nesse ano novinho que temos pela frente gostaria de lhe oferecer três elementos para dar solidez espiritual em seu cotidiano prático: felicidade, fertilidade e fecundidade. Vou deixar a felicidade por último, você vai entender...

O hagiógrafo São Mateus, no capítulo 13 escreve “Eis que o semeador saiu para semear”. Nosso Senhor Jesus Cristo semeou no ano passado em nossos campos, famílias, comunidade e em nossas almas e igualmente semeará neste ano de 2026. O que faremos com a semeadura de Deus? A fertilidade do coração é a disposição diante do sagrado e o desdobramento das relações com este mundo. Lembro nos meus tempos como estudante de agronomia o bonito papel que a semente contém em sua potencialidade, mas se o solo é infértil de nada adianta o vigor da semente. Deus quer contar com a nossa disposição, ter uma mente e coração disponíveis, abertos e sedentos para que Sua semente crie raízes.

As expectativas que nutrimos nos mais diferentes aspectos da vida deve passar pela fecundidade. Como filhos e filhas de Deus pelo batismo, somos promotores de vida aqui nesta terra que têm consequências por toda eternidade. Muitos reclamam de tempos difíceis para os relacionamentos e diálogos, a impaciência que não tolera a
divergência, a discordância e os questionamentos. Penso que a aridez dos nossos dias seja em grande parte decorrente da falta de fecundidade. A vida só pode ser gerada onde há esse elemento constitutivo para qualquer ser vivente.

“Homem e mulher Ele os criou” (Gn 1,27). Embora seres tão diferentes, homem e mulher geram vida na fecundidade não só biológica, antes no acolhimento e cuidado mútuo. Como vai a fecundidade em sua vida de oração? Nas relações interpessoais? Com esposo(a) e com seus filhos? Deus deseja a vida para você, a semente foi lançada, mas espera sua colaboração através de um coração fecundo.

Chegamos a ela, a tão esperada felicidade. Imagino que ninguém em sã consciência deseja ter um ano infeliz. Entretanto, boa parte ainda vislumbra uma felicidade tacanha repleta de circunstâncias, condicionantes e até barganhas com Deus. “Deus é amor” (I Jo 4,8). Essa realidade em si mesma deveria contagiar de felicidade
transbordante. Não coloque condições em seu Ano Novo para que você seja feliz. Experimente a felicidade não em processos prontos e acabados, mas, na alegria do caminho, saber-se amado pelo Pai Eterno, fazendo do coração um campo fértil e fecundo para o crescimento da felicidade que não termina.

Feliz Ano Novo! Feliz coração novo para acolher as inspirações divinas!

* Arquidiocese de Palmas (TO)