Competir
01/03/2010
Diácono Luiz Gonzaga
Arquidiocese de Belém
A competição, no sentido de lutar por um mesmo objetivo, pode ser uma coisa saudável. Motiva-nos a estudar mais ou a correr mais rápido. Não há nada de errado no desafio e no incentivo para se alcançar um objetivo.
Entretanto, quando o pecado abre uma brecha e entra no espírito de competição, o objetivo do sucesso pessoal é deturpado, tornando-se uma obsessão. Essa competição pode tirar o foco de nossa atenção do objetivo final e mover-nos a fazer comparações com os outros. Isso torna errada a competição.
Vejamos o que nos diz Paulo (2 Cor.10,12): “Não nos atrevemos a igualar-nos nem a comparar-nos a alguns dos que fazem a própria recomendação. Eles, ao contrário, ao se tornarem como medida de si próprio, acabam sem perceber”.
Infelizmente, a competição tornou-se tão comum em nossa cultura que assumimos que ela é aceita por Deus de qualquer forma. Acontece que as escrituras não concordam com essa posição. O ideal definido na Bíblia é a cooperação, a concórdia e a unidade entre os cristãos. Várias metáforas são usadas para descrever e exemplificar essa cooperação: somos parte de um todo, o “corpo de Cristo”, a “geração escolhida” e “sacerdócio real” (1 Cor. 12,27; Ef.2,20-22; 1 Pedro 2,9).
O presente do Espírito Santo para a Igreja Primitiva veio quando os cristãos “estavam reunidos no mesmo lugar” (Atos 2,1). O apóstolo Paulo falou, em várias ocasiões, sobre a necessidade da união no Espírito (Ef.4,3).
Quando Jesus visitou, Maria e Marta elas utilizaram os seus dons em servir. Maria sentou-se aos pés de Jesus, amando e sendo amada por Ele. Marta, uma mulher “realizadora” e prática, começou a preparar a comida e o lugar para o descanso do Mestre. Entretanto, Marta desviou-se de seu objetivo de servir a Jesus e começou a avaliar o desempenho de Maria. Ambas as mulheres estavam servindo com boa intenção. O problema ocorreu quando Marta esqueceu o fato de que ambas “jogavam no mesmo time” e resolveu julgar a irmã (Lc.10,41-42).
Queridos, os dons do Espírito existem para que trabalhemos em harmonia uns para com os outros, conforme o Espírito Santo direcionar, para que, então, todo o corpo de cristãos trabalhe em conjunto. Vejamos: (1 Cor. 12,7. 11-12) “A cada um é dada uma manifestação do espírito para o bem comum... Mas tudo é realizado pelo mesmo e único espírito, repartindo a cada um como ele quer. Como o corpo, sendo um, tem muitos membros, e os membros, sendo muitos, formam um só corpo, assim é Cristo”.
Nós somos responsáveis pelo bem-estar uns dos outros, devemos rezar uns pelos outros, fomos chamados para ter um mesmo pensamento e viver em paz. Novamente Paulo: (2 Cor. 13,11) “De resto, irmãos, ficai alegres, restabelecei-vos, consolai-vos, estai de acordo e em paz; e o Deus do amor e da paz estará convosco”.
De fato, se uma discussão surge, devemos dar “preferência” ao outro – ou desistir de nossos direitos para alcançar harmonia. (Rom.12,10) “ O amor fraterno seja afetuoso, estimando os outros mais que a si mesmo”.
Data do artigo: março de 2010