Home | Publicação | DIÁCONO: MISSÃO E SERVIÇO

Compartilhe:

DIÁCONO: MISSÃO E SERVIÇO

04/12/2019

DIÁCONO: MISSÃO E SERVIÇO

Diácono José Carlos Pascoal – Diocese de Jundiaí (SP)

Com comentários do diácono Francisco Salvador Pontes Filho, Presidente da CND

Neste dia 04 de dezembro, completo 21 anos de Ordenação Diaconal Permanente. Motivo de profunda alegria, de determinação em servir, mas também de preocupação com os rumos do Diaconado. É uma necessidade para a Igreja e damos graças a Deus pela sua restauração, mas é preciso olhar com maior carinho para com a escolha, formação na Escola Diaconal e formação permanente.

O motivo da alegria não é por conta do “dever cumprido”, mas, pela certeza de que há muito a fazer em favor do Reino de Deus, em favor da Igreja Católica, em favor dos pobres e excluídos. Alegria por ter a certeza de que é primordial a Caridade, a Palavra e a Liturgia. A Caridade é impulsionada pela Palavra celebrada, ouvida e testemunhada; a Caridade nos leva a celebrar a Liturgia com júbilo, em reconhecimento da graça recebida, em união com a Comunidade.

O motivo da alegria é por conta da acolhida, comunhão e participação da Comunidade, em especial das Comunidades de periferia, onde habita a camada mais pobre da população, onde sempre é “terra de missão”, onde há sempre necessitados de ordem espiritual e de ordem material. Alegria porque a Pastoral da Moradia, onde exerço um dos ministérios de serviço, me leva a atender, junto com irmãs e irmãs voluntários e dedicados, situações de extrema pobreza e necessidade e, no final, ver famílias habitando em casas dignas.

Alegria por celebrar com as crianças, desembaraçadas e alegres, vivendo com elas a “Alegria do Evangelho”, como nos ensina o Papa Francisco, a ser “Igreja em saída”, também de acordo com o pensamento e ação do querido Papa. Alegria por celebrar em casas de famílias, ao lado de idosos e enfermos, levando a Palavra de Deus, a Sagrada Comunhão, recebendo em troca a afabilidade, a amizade, o verdadeiro amor fraterno.

Alegria, em todos esses 21 anos de Diaconado, por celebrar Cultos Ecumênicos, partilhando a Palavra em comunhão com nossos irmãos e irmãs de outras doutrinas cristãs, em eventos públicos, privados e em Igrejas. Alegria, por poder praticar, apesar das críticas, o ministério de Diálogo Inter-religioso, com irmãos e irmãs de religiões de Matriz Africana, ou na prática Pastoral em presídios com não-católicos.

Preocupação e tristeza, porque há diáconos inseridos na polarização política (direita/esquerda) por que passa o nosso País, o Brasil que, através das chamadas Redes Sociais, atacam os que se preocupam com a pobreza, o desemprego, as perdas das conquistas sociais. De ser chamado de “comunista”, por ter preocupação para com os excluídos, de ser criticado por participar de eventos de defesa dos oprimidos, como: “Grito dos Excluídos”, “Caminhada dos Mártires”, “Dia da Consciência Negra”, luta dos indígenas e quilombolas para defesa de suas terras. Quando ocorre por parte dos leigos na política, é passível de entender, mas por parte de diáconos, imagens do Cristo Servidor, isso fere o coração. Não tenho filiação ou opção partidária, mas, por causa da ação social, me “tacham” de “esquerdista”, como se somente a “esquerda” fizesse ação caritativa. Cheguei a receber uma crítica dizendo que “era pecado ser de esquerda”.

Preocupação, ainda por acompanhar as chamadas Redes Sociais por questão de ofício (área da Comunicação da Comissão Nacional dos Diáconos - CND e Paróquia), de ler críticas de diáconos à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, quando ela se posiciona em favor do direito e da justiça, chamando-a de contrária ao Governo, de ser comunista/socialista etc. Tristeza por ler postagens de diáconos zombando de celebração de diácono indígena, por causa dos paramentos, por causa de altar. Por exigir, sem avaliar as condições de trabalho dos irmãos diáconos indígenas, os mesmos paramentos usados em suas celebrações urbanas, em igrejas pomposas, os mesmos vasos folheados a ouro.

Causou imensa tristeza ler postagens de irmãos (?) diáconos, quando do Sínodo para a Amazônia, dizendo estar “de olho nesse Papa”, para que não haja inculturação ou propostas em relação à missão na Amazônia. Tristeza pelo fato da zombaria praticada quando o nosso diligente Presidente da CND. Diácono Francisco Salvador Pontes Filho, participante do Sínodo para a Amazônia e tendo representado com dignidade e honradez o diacônio nacional e amazônico fez a entrega de mimos amazônicos juntamente com a camiseta do Nacional, clube de futebol de Manaus. É bom lembrar que o Papa Francisco é torcedor de futebol na Argentina (San Lorenzo) e gosta do futebol brasileiro.

O diácono é presença da Igreja no meio do povo, e não pode estar alienado da política, tem o dever de acompanhar a situação e ação política, mas fazer defesa de pessoas ou partidos políticos, ou, pior ainda, de ideologias que ofuscam o direito e a justiça e a causa dos pobres é preocupante.

Afirmo que, as críticas não deverão calar os que, como eu, colocam o interesse dos pobres como missão. O apego à Liturgia, como rigor, afasta o diácono da Tríplice Missão: Caridade, Palavra e Liturgia. O Papa Francisco fez recentemente crítica aos que colocam o “estar” na Liturgia como primordial ao Diaconado. É preciso equilíbrio para viver a Tríplice Missão.  A dupla Sacramentalidade é essencial para o desempenho da missão. Dizia meu saudoso formador, dom Roberto Pinarello de Almeida: “Não se esqueça que, antes de ser Diácono, você é esposo”. Então, grande alegria pela participação da minha esposa Maria Ester, dos meus filhos Gabriela e Breno na minha missão diaconal. Por entenderem, participarem e apoiarem, além de, quando necessário, corrigir o esposo e pai diácono. Deus seja louvado!

----------

Caríssimos diáconos, Paz e bem!

Sugiro leitura atenta deste artigo/testemunho, ela provocará uma reflexão em todos nós. Quando agimos a partir do Evangelho e seguindo os ensinamentos de Jesus, nos deparamos com grandes desafios amargos, que parecem atingir em cheio, aqueles que estão desprovidos de uma espiritualidade fecunda, que só tem sentido na escuta ao mestre.

Parece que estamos vivendo momentos de intensa amargura; parece que as veias que deveriam conduzir vida e docilidade ao Espírito Santo, estão impregnadas das amarguras da indiferença. Aos diáconos, deveria bastar o Evangelho de Jesus, que é caminho, verdade e vida. Não existe nenhum outro modelo a ser seguido, a não ser aquele que renova tudo em todos.

“Lembra-te que aquilo que fazes como ministro, agrada ao Senhor”. Quase sempre, aqueles que se opõe de forma gratuita, desrespeitosa, intransigente, carecem das virtudes evangélicas, que norteiam qualquer coração apaixonado pelo Reino do Ressuscitado.

Coragem e vamos à luta! Mãos no arado e olhando para frente, vivendo a alegria interior da Boa Nova. “Nisto todos conhecerão, que vós sois os meus diáconos”.

Fraterno abraço e parabéns pelo ministério fecundo que abraças com compromisso e amor.

Diácono Chiquinho - Presidente da CND

Manaus/AM.