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"Eis que estou no meio de vós como aquele que serve."

Este versículo bíblico que está no Evangelho de São Lucas Capítulo 22, versículo 27 e foi o lema escolhido pelo diácono Gilberto para sua ordenação diaconal. Lema este exercido com gestos concretos em toda sua vida. Como disse O Cardeal Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM, Aecebispo de Manaus (AM), em sua homilia na missa de corpo presente: "É impossível falar do seu ministério na Igreja, sem reconhecer o quanto ele foi importante exemplo dentro da sua família." Desde muito cedo, a vida lhe pediu maturidade além da idade. Ainda menino, ajudou sua mãe a sustentar a casa, trabalhando e assumindo responsabilidades de adulto antes do tempo, contribuindo, não apenas para o sustento do lar, mas também para a criação e orientação dos irmãos, tornando-se referência de cuidado e apoio dentro da família.

"Seu" Gilberto foi um bom esposo, um pai dedicado, um avô amoroso, um bom ouvinte e conselheiro. Viveu sua missão em casa com a mesma fidelidade que viveu na Igreja. Trabalhou e lutou muito para que em sua casa nunca faltasse nada. Sua vida familiar foi marcada pelo cuidado, pela responsabilidade e pelo amor incondicional. Também deixou um legado de ternura e de presença na vida dos seus sobrinhos e outros parentes pelos quais é lembrado com gratidão e saudade. Suas noras se tornaram filhas. Além de esposo e pai, "seu" Gilberto foi um grande professor, profissão esta que conquistou já na idade avançada, após os filhos estarem crescidos, pois antes era vigia de uma escola e se apaixonou tanto pela educação que fez faculdade na área, tornando-se um exímio profissional. Ele será lembrado por ter ensinado, orientado e inspirado muitas pessoas nas escolas por onde passou. Com paciência, dedicação e amor pelo conhecimento, ele ajudou a formar, não apenas alunos, mas cidadãos e pessoas de caráter. Seu legado como educador é outro testemunho de sua vida dedicada ao serviço do próximo.

Mas "seu" Gilberto não se limitou à família e à educação. O amor que o movia se expandiu e alcançou toda a comunidade, serviu de forma generosa e com dedicação várias pastorais e movimentos como: Pastoral do Batismo, Pastoral da Sobriedade, Nova Evangelização, Pastoral dos Coroinhas, Movimento Familiar Cristão, Terço dos Homens, Ministros da Sagrada Comunhão e da Palavra e em tantas outras frentes, sempre disposto a ajudar, orientar e fortalecer a caminhada da Igreja. Nas fragilidades de saúde dos padres Puga e João, esteve sempre ajudando no que lhe cabia.

Quando foi chamado ao diaconato, há 11 anos, abraçou essa missão com o coração inteiro. Mas não caminhou sozinho: teve sempre ao seu lado a esposa, companheira fiel, que percorreu com ele esse caminho de entrega, partilha e serviço. O diaconato foi vivido não apenas como ministério pessoal, mas como vocação familiar. Ela o sustentou com amor, esteve presente em cada etapa, dividiu alegrias e sacrifícios, e juntos testemunharam a beleza de uma vida dedicada a Deus e ao próximo. "Seu" Gilberto viveu o diaconato com simplicidade, humildade e fidelidade. Não buscava aplausos, não precisava de reconhecimento. Suas maiores obras foram feitas no silêncio: aconselhando, rezando, ouvindo, orientando, visitando, acreditando nas pessoas e muitos que estão aqui hoje, sabem disso. E mesmo em meio às fragilidades e dificuldades da vida, ele não se deixou abalar.

Quando a sua saúde ficou muito comprometida, enviou uma carta á Paróquia, solicitando seu afastamento do serviço diaconal, e padre Martin lhe respondeu: “agora é hora da sua comunidade lhe ajudar.” E foi a comunidade que tanto amava que o sustentou com amizade, oração e apoio. Ele se deixou ajudar, porque sabia que a fé se vive em comunhão, e porque acreditava que ninguém caminha sozinho. Muitos aqui podem recordar uma palavra amiga, um conselho, um gesto de confiança que receberam dele. Quantos grupos e pastorais encontraram nele um apoio firme e discreto. Quantos irmãos foram animados pela sua fé e pelo seu exemplo de vida.
Na liturgia, ele servia com reverência. Na comunidade, com generosidade. Na vida pessoal e na educação, com fé viva e dedicação. Sua vida foi uma verdadeira homilia, pregada não apenas com palavras, mas com atitudes e escolhas diárias.

Hoje, sentimos a dor da sua ausência, mas ao mesmo tempo o coração se enche de gratidão. Porque Deus nos deu o privilégio de conviver com esse homem de fé, esse servidor do Evangelho, esse esposo e pai exemplar, esse professor e amigo fiel. E mais uma vez citando as palavras de Dom Leonardo: "a despedida no amor é sempre difícil, a despedida quando se gosta, se ama, a despedida quando se viveu na intimidade é difícil, mas so quem viveu na intimidade, tem muito o que dizer e agradecer a Deus pela vida diaconal, vida de esposo, vida de pai.” Seu legado não está apenas registrado na história da nossa paróquia ou das escolas por onde passou, mas gravado em cada coração que ele tocou. E assim, podemos afirmar com confiança: o Diácono Gilberto combateu o bom combate, guardou a fé e agora descansa nos braços de Deus.

Obrigado, Senhor, pela vida do Teu servo Gilberto. Seu sorriso, sua voz e seu testemunho permanecerão para sempre em nossos corações.

Com amor e gratidão:
Comunidade paroquial da Paróquia Santíssima Trindade de Manaus (AM).