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Homilia de Dom Sérgio Castriani na Missa de Envio Sinodal

18/11/2019

Considerai com todo coração, a difícil conjuntura que estais passando: mas subi ao monte, trazei madeira e edificai a casa: ele me será agradável; ela me será aceitável, nela me glorifiquei, diz o senhor. O povo que voltara do exilio diante de si a difícil tarefa de reconstruir o Templo. Só então Israel poderia se sentir outra vez o povo escolhido. Mas podemos imaginar a situação dos que voltaram. Era preciso reconstruir a vida. Mas para o profeta a reconstrução do Templo superava todas as outras necessidades.

Hoje o apelo é bem maior. No processo de escuta que o Sínodo fez deslanchar, vozes proféticas nos alertaram que a Amazônia, este pedaço de mundo onde Deus se manifesta na natureza de forma única formando com suas florestas um Templo ornado pelas mais diferentes espécies botânica está sendo destruída e o Templo profanado. É preciso deixar de lado nossos planos pessoais e nossos interesses e pensar grande, mesmo nas ações de cada dia.

E a profecia que parecia morta ressuscitou. E os Herodes de plantão se assustaram. Quem é esta igreja que se põem a falar de coisas que não lhe competem? Quem são esses povos originários aos quais se quer dar a Palavra? E o mundo se assustou com o Sínodo. E o primeiro grande resultado do Sínodo já aconteceu. A questão ecológica hoje esta posta. A humanidade tem que optar entre a morte e a vida. E grande parte deste embate se dá na Amazônia.

A Amazônia nas próximas semanas estará nos noticiários do mundo todo. E vocês caros padres sinodais, auditores e auditoras, peritos e peregrinos estarão vivendo em primeira pessoa este acontecimento único na vida da Igreja. Porque o Sínodo tem sua dinâmica, sua metodologia, que leva em conta o número de participantes, os textos devem ser aprovados, mas de fato é o Espirito Santo que conduz uma Assembleia especial como esta. A Igreja estará reunida ao redor de Pedro, que garante a autenticidade do evento.

A igreja toda estará representada pelos participantes. E como os auditores e peritos tem voz e são ouvidos de fato na sala sinodal, temos a garantia da participação do povo de Deus. Não preciso dizer que nós nos sentimos em comunhão com vocês. Estar em comunhão é mais que sentir-se, é de uma maneira misteriosa estar junto com vocês. Por isto nos despedimos hoje na Eucaristia. Quando estiverem na Basílica de São Pedro, lembrem-se que nós estamos juntos. Quando se encontrarem com o Papa não se esqueçam de falar do povo simples das nossas comunidades que nunca estarão num Sínodo, mas que são os protagonistas da evangelização nestas paragens. Levem com vocês a experiência das nossas comunidades ribeirinhas, das comunidades da periferia, dos bairros novos, dos condomínios. Levem a voz dos indígenas, sobretudo dos urbanos. Lembrem-se dos pobres e excluídos.

Nós que ficamos permaneceremos em oração. Com Maria a mãe de Jesus, a Mãe da Amazônia. Queremos acompanha-los para que o Senhor conceda saúde de corpo, para suportar a grande viagem e o clima romano. Mas sobretudo que lhes dê um espirito atento a tudo o que ameaçar nossa caminhada de igreja nas bases. Vão com Deus e voltem cheios do Espirito. Que a imaculada Conceição cubra-os com seu manto e que os seus anjos os acompanhem.

Fonte: Jornal Em Tempo - Arquidiocese de Manaus (AM)