JUNTO COM A RECEITA VEM O MODO DE FAZER
24/05/2021
Diácono Mario Bragio
Sempre me doeu muito ver gente meneando a cabeça, emitindo sons de resmungo e comentários a meia boca, ou então, dando risadinhas marotas e fazendo gestos não menos embaraçosos diante de hesitações ou erros cometidos por diáconos permanentes durante as celebrações. Já ouvi muitos desabafos de diáconos que passaram não só por tais situações, como foram desrespeitados e repreendidos por causa delas. Isso está certo?
Aprender a andar de bicicleta na infância ou na juventude é uma coisa; aprendê-lo lá pelos 50 anos, ou mais, é outra bem diferente. Cursei a autoescola quando tinha vinte anos; já se passaram cinquenta e um, mas eu me lembro muito bem de como as minhas costas doíam, as mãos transpiravam, os ombros ficavam tensos e a camisa ficava encharcada. Aquelas dez aulas de volante me habilitaram para dirigir, mas não desenvolveram as minhas habilidades como motorista. Saber todas as regras de trânsito não foi o que garantiu o meu desembaraço. Faltou mais treino e supervisão.
Durante um bom tempo foi sofrido dirigir aquele fusca 68. Todos os movimentos tinham de ser pensados antecipadamente (“dá a partida; pisa na embreagem; engata a primeira; solta a embreagem e acelera ao mesmo tempo” etc.). Demorou um bocado para automatizar todos aqueles (e tantos outros) procedimentos.
Nem todo homem ordenado diácono permanente no pico da segunda idade foi coroinha, frequentou seminário ou acolitou em serviço religioso. A despeito da sua inequívoca vocação para esse ministério, há aqueles que chegam à formação sem nenhuma (ou quase nenhuma) experiência no serviço junto ao altar, por exemplo.
Sabedora disso, a escola diaconal deverá oferecer-lhes – além da formação teórica, que inclui, explicitamente, o significado – todos os meios e oportunidades para que eles possam treinar, exaustivamente, os gestos, as posturas e as ações relativas às suas funções que, por sinal, nãos são poucas (vide o Cerimonial dos Bispos ou a Instrução Geral do Missal Romano, por exemplo).
Mais pedagogia, mais tolerância, mais caridade.
(Diácono Mario Braggio, maio de 2021.)