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LIÇÕES DO LUTO

24/01/2023

LIÇÕES DO LUTO

Diácono José Carlos Pascoal – ENAC/CND

Diocese de Jundiaí (SP)

            O luto dói muito, machuca, provoca grande sentido de ausência, de ruptura. Há pessoas que não conseguem vencer as dificuldades provocadas pelo luto e permanece em estado de prostração, de tristeza, de entrega, perdem a vontade de viver. O apego pessoal ao ente querido, em especial pais, filhos, esposos dá a entender que é preciso “morrer” junto.

            Mas digo por experiência própria, que é possível tirar valiosas lições do luto. São vários os sinais de mistério que nos ajudam a viver, porque é preciso continuar a viver, é preciso dar sequência à missão designada por Deus. Fico, ao menos, com três importantes sinais, lições que devem nos manter ligados a Deus, à vida.

            A primeira lição é a SAUDADE. Não a saudade chorosa, lamentosa, que busca “pedir explicações a Deus” pela ausência. Mas a SAUDADE que nos leva a valorizar os atos bons praticados pelo ente querido que partiu, que preserva a imagem e, sem exageros, objetos e lembranças. Lógico que o sentido de manter viva a saudade exige discernimento, e esse discernimento nos leva a fazer a experiência dos outros sinais, de outras lições que podemos tirar do luto.

            A segunda lição é a ORAÇÃO. Saber que é importante manter os sinais de saudade e de superar a ausência através da ORAÇÃO. Há quem argumente que não é preciso rezar pela alma do ente querido que partiu, é preciso rezar apenas pelos vivos. A Santa Madre Igreja nos exorta a rezar pelos vivos e pelos mortos. É a forma de manter acesa a chama da comunhão entre a Igreja padecente e a Igreja triunfante. É importante ainda rezar por TODAS AS ALMAS.

            Por fim, a terceira e grande lição é a RESSURREIÇÃO. Que valor tem para nós a fé que queremos viver se não temos viva a esperança e a certeza da Ressurreição? A certeza da Ressurreição nos faz entender a oração de despedida de Jesus: “Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em Mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós, e quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também vós” (Jo 14,1-4)

            A SAUDADE nos leva à ORAÇÃO que mantém viva em nós a chama da FÉ que anima a ESPERANÇA na RESSURREIÇÃO. Rezar pelos falecidos também é uma ação de CARIDADE.

            Uma das belas orações da Celebração das Exéquias nos apresenta mais um grande sinal: o REENCONTRO. “Depois de termos rezado, cheios de confiança, apresentemos a nosso irmão (irmã) a última despedia. Que o nosso adeus, mesmo sem apagar a tristeza da separação, reacenda a nossa esperança. Pois esperamos gozar da presença e amizade deste irmão (irmã), quando pela misericórdia de Deus esta nossa assembleia, que agora se separa na tristeza, se reúna na alegria do reino de Deus. Portanto, consolemo-nos uns aos outros em nossa fé”.

            Deus permite a nossa tristeza, as nossas lágrimas, mas com o tempo elas devem ser substituídas pela certeza do REENCONTRO, da RESSUREIÇÃO, da alegria eterna de estar ao lado da Trindade Santa, de Maria, dos anjos e santos.