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MENSAGEM DA CND/BRASIL LIDA EM PLENÁRIO NO 18º ENCONTRO NACIONAL DE PRESBÍTEROS

12/05/2022

MENSAGEM DA CND/BRASIL LIDA EM PLENÁRIO NO 18º ENCONTRO NACIONAL DE PRESBÍTEROS

No período de 9 a 14 de maio, está sendo realizado em Aparecida (SP) o 18º Encontro Nacional de Presbíteros. A CND está representada pelo diácono José Silva, da Diocese de São José dos Campos, vice-presidente da CRD Sul 1.

A Presidência da CND/Brasil enviou mensagem ao Presidente da Comissão Nacional de Presbiteros, padre José Adelson da Silva Rodrigues. A mensagem foi lida e comentada nesta tarde (12 de maio) em plenário. Confira abaixo, na íntegra. 

COMISSÃO   NACIONAL   DOS   DIACONOS DO BRASIL - CND/BRASIL.

Aos queridos irmãos presbíteros reunidos no 18º Encontro Nacional de Presbíteros de 9 a 14 de maio, no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, em Aparecida (SP).

Caminhemos a partir de Cristo e com Cristo que se realiza pelo espirito Comunhão e Missão pela busca de formação cristã em seus diversos níveis.

A COMISSÃO NACIONAL DOS DIÁCONOS DO BRASIL (CND/BRASIL), se alegra e agradece em participar deste Evento que tem como Tema “Presbítero, Comunhão e Missão” e o lema “Vóis sois todos irmãos” (Mt 23,8),  iniciativa e organizada pela Comissão Nacional de Presbíteros com o apoio da Comissão Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB que tem como Presidente nosso Bispo referencial dom João Francisco Salm.
 
Toda a reflexão apresentada por dom Joel Portela foi consolidada no texto-base que traz à luz duas passagens da Sagrada Escritura: “todos vós sois irmãos” (Mt 23,8) e “Vinde a mim, todos os que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso” (Mt, 11,28).
 
Ser presbítero é uma vocação, é um ‘caminhar a partir de Cristo e com Ele, não é ser uma pessoa que parte de suas próprias ideias e gostos, mas se deixa olhar por Jesus, porque é este olhar que faz arder o coração’ (Papa Francisco). A força dos presbíteros e a eficácia na missão dependem diretamente do quanto forem capazes de dar testemunho de comunhão entre si, um valor a ser buscado incessantemente.

A Igreja é como um organismo que precisa da atividade de todos os membros: bispos, presbíteros, diáconos, religiosos, leigos.

Participar na missão da Igreja é colaborar na ação do Espírito Santo que concede aos fiéis dons especiais para enriquecimento de todos; é reconhecer e dar espaço à variedade de carismas e ministérios.

A caridade pastoral é assunto permanente por ser chama que dá luz e calor ao exercício do ministério. Para mantê-la acesa e fecunda, o presbítero tem necessidade de conversão constante como todos nós ministros ordenados. Agora lembremo-nos de que Aparecida chama nossa atenção para os “novos rostos da pobreza” (DAp, n. 402), rostos que Puebla já ajudava a reconhecer como “feições sofredoras de Cristo, o Senhor”. Infelizmente, há quatro décadas de Puebla e praticamente uma década e meia de Aparecida, constatamos que a lista dos pobres aumenta.

Por isso, o Papa Francisco nos adverte que “aos pobres, frequentemente considerados parasitas da sociedade, não se lhes perdoa sequer a sua pobreza. A condenação está sempre pronta. Não se podem permitir sequer o medo ou o desânimo: simplesmente porque pobres, serão tidos por ameaçadores ou cada presbítero ou diácono conhece sua realidade, sendo capaz de identificar o ritmo e as formas com que ela acontece.

A Igreja é como um organismo que precisa da atividade de todos os membros: bispos, presbíteros, diáconos, religiosos, leigos. Participar na missão da Igreja é colaborar na ação do Espírito Santo que concede aos fiéis dons especiais para enriquecimento de todos; é reconhecer e dar espaço à variedade de carismas e ministérios. A caridade é o sinal identificador do ministro ordenado que apoia e dá credibilidade ao anúncio do evangelho. São muitas e variadas  as formas de pobreza das pessoas da nossa sociedade. Além da pobreza material, por vezes aflitiva, encontramos também formas de pobreza cultural e espiritual.

O diaconato permanente vem convidar-nos a sair do nosso comodismo e individualismo para prestar mais atenção e ajuda fraterna aos necessitados. Numa palavra, trata-se da vivência da caridade na Igreja: uma caridade mais atual, mais intensa e mais eficaz. Os diáconos permanentes enriquecem a Igreja não só pelas atividades que realizam, mas também pelo que são e significam, pela disponibilidade e humildade para servir, pela riqueza completa do sacramento da ordem. Os diáconos não existem para dispensar outros possíveis colaboradores, mas incentivar uma participação mais generosa e mais responsável de todos.

O presbítero é chamado a ser um entusiasta das pequenas comunidades eclesiais, reconhece-se mediação importante para que a sinodalidade seja concretizada. Caminha junto com o povo a si confiado, estimulando e valorizando os diversos serviços e ministérios. Caminha junto com os irmãos presbíteros, diáconos e o bispo que conduz a Igreja onde está inserido. Caminha junto pelas estradas do ecumenismo, do diálogo inter-religioso, sem receio de também ser ponte para os que não creem em Deus.

Concretizar o ideal da comunhão presbiteral não significa abandono total do jeito de ser, das convicções e caminhos de espiritualidade. Ao contrário, ao se abrir ao outro, que também ouviu o mesmo chamado-envio, percebo as diferenças, questiono minhas opções, ratifico as que estão de acordo com o Reino de Deus e retifico o que for necessário. Em tudo isso, há indubitavelmente uma boa dose de libertadora renúncia. Assim como o Senhor, sendo de condição divina, não se fechou em si mesmo, mas se fez obediente, esvaziando-se (Fl 2,5ss), também nós somos convidados a obedecer, isto é, a ouvir o outro, ouvir, nesse outro, o chamado do Senhor e conviver com os irmãos, ouvir o que pensam e sentem.( Texto No.53)

Uma das atitudes que mais ferem a comunhão é o julgamento. Não fosse assim, Jesus não nos teria advertido (Mt 7,1-2). Quando o fechamento em torno de si mesmo se torna critério de realização, um dos resultados é o julgamento e a condenação. Em geral, é um julgamento no qual não ocorre o direito de defesa, isto é, onde quem pensa a vida de modo diferente sequer é ouvido. Em lugar do surge o Trata-se do risco de vermos mais os defeitos dos outros do que os nossos (Mt 7,3-5).

“A Igreja necessita que todos os seus membros nunca percam a consciência de serem discípulos em comunhão” (Cf. DA 324). “Não há discipulado sem comunhão” (Cf. DA 156). No documento de Aparecida dando continuidade a “eclesiologia de comunhão” iniciada com o Vaticano II e desenvolvida em Puebla e nos documentos do Magistério posterior, a comunhão é colocada como a condição primeira do ser Igreja e de sua missão. A comunhão de todos os membros do Povo de Deus vem em primeiro lugar. Depois a comunhão do ministério ordenado ao serviço da unidade e comunhão do Povo de Deus.
A Igreja local, da qual fazem parte os ministros ordenados, precisa do testemunho do trabalho em equipe dos seus ministros, como condição para que todos os fiéis realizem a missão em unidade e comunhão.

Na segunda parte do n. 206 do Documento de Aparecida encontramos esta recomendação: “Quando estão a serviço de uma paróquia, é necessário que os diáconos e presbíteros procurem o diálogo e trabalhem em comunhão, pois, a paróquia deve ser um  lugar de comunhão” A Igreja evangeliza e “atrai” quando vive em comunhão (cf. n. 159).

O diálogo é requisito para a comunhão. A comunhão é sempre fruto de uma profunda comunicação. Aquela comunicação que vai além do simples programar e distribuir as tarefas. Diálogo e comunhão não significam ficar esperando um pelo outro. Pelo contrário significa ir ao encontro, falar aberta e caridosamente quanto sentimos, pensamos, e esperamos do outro. O presbítero não pode ficar esperando pelo diácono, nem o diácono ficar esperando pelo presbitero.. A comunhão é fruto do amor profundo. Esta comunhão só é possível quando presbítero e diácono estão imbuídos de uma mentalidade de ministros ordenados como servidores. Quando os dois estão dispostos a dar a vida um pelo outro, e por todos,(Doc Ap 195).

A vivência e o testemunho da identidade e comunhão eclesial do ministro ordenado fraterno e unido, servirá de exemplo e estímulo para outros membros da Igreja e será o objetivo final de que o ministério diaconal atua como verdadeiro ministério de unidade e comunhão na Igreja.

Comunhão e Missão. Somos todos irmãos chamados e enviados. Para concluir suas reflexões, no último parágrafo (n. 71), o autor afirma: presbítero, que um dia ouviu o ‘vinde’ deve, ao longo de toda a sua existência, ajudar os outros a chegarem aonde precisam chegar. Ajudá-los a chegar ao Deus que já se achegou a eles. E isso tentamos todos nós fazer na firme esperança de um dia poder ouvir, na eternidade, a mesma palavra”. (Dom João Francisco Salm)
 
Que Deus os abençoe e fortaleça na dimensão  profética e sempre inserida no mundo, apontando caminhos de esperança que se nutrem e florescem na comunhão e missão. Nossa Senhora Aparecida, Mãe do Redentor interceda por todos nós , seus filhos.

Fraternalmente,  

Manaus (AM),  12 de maio 2022.

Diác. Francisco Salvador Pontes Filho 
Presidente da Comissão Nacional dos Diáconos do Brasil - CND/BRASIL.