MENSAGEM DE DOM MOACIR SILVA POR OCASIÃO DO DIA DOS DIÁCONOS
09/08/2024
Primeiramente, cumprimento e felicito a cada um de vocês pelo Dia do Diácono. Com os Bispos da América Latina e do Caribe, na Conferência de Santo Domingo, afirmo: “Queremos reconhecer nossos diáconos mais pelo que são do que pelo que fazem” (SD, 77).
Ainda na esteira da IV Conferência do Episcopado latino-americano e caribenho, lembro que o ministério dos diáconos é de importância para o serviço de comunhão na América Latina... Para uma Nova Evangelização que, pelo serviço da Palavra e a Doutrina Social da Igreja, responda às necessidades de promoção humana e vá gerando uma cultura de solidariedade, o diácono permanente, por sua condição de ministro ordenado e inserido nas complexas situações humanas, tem um amplo campo de serviço em nosso Continente (cf. SD 76).
Uma Igreja pobre e para os pobres e, por isso, verdadeiramente diaconal: é este o desejo que acompanha desde o início o ministério do Papa Francisco. Um desejo que se reencontra continuamente como critério-guia daquela renovação espiritual e eclesial traçado com grande eficácia exatamente na Evangelii Gaudium: reencontrar na alegria do Evangelho a verdadeira riqueza que a Igreja é chamada a viver e testemunhar.
Uma Igreja que exorta: “Diáconos, não tenhais medo da solidariedade”, pois na solidariedade vai reconhecido o direito de cidadania; a solidariedade diz não à cultura do descarte; a solidariedade diz não à globalização da indiferença; a solidariedade vai atuadas também como políticas solidárias; não existe verdadeira paz sem solidariedade; solidariedade é: servir, acompanhar, defender, e também saber chorar; solidariedade e se tornar carícia de Deus (cf. Enzo Petrolino, O diaconato no pensamento do Papa Francisco, Edições CNBB, p. 559-64).
Por fim, alguns elementos para refletir, a partir do Relatório de Síntese da primeira Sessão do Sínodo 2021-2024 (cf. “Uma Igreja em Missão”, Edições CNBB, p. 71-73):
* Convergência: Diáconos e presbíteros estão comprometidos nas mais diferentes formas do ministério pastoral: o serviço nas paróquias, a evangelização, a proximidade aos pobres e marginalizados, o compromisso no mundo da cultura e da educação, a missão ad gentes, o estudo teológico, a animação de centros de espiritualidade e muitos outros. Numa Igreja sinodal, os ministros ordenados são chamados a viver o seu serviço ao Povo de Deus numa atitude de proximidade às pessoas, de acolhimento e de escuta de todos e a cultivar uma profunda espiritualidade pessoal e uma vida de oração. São chamados, sobretudo, a repensar o exercício da autoridade seguindo o modelo de Jesus que, “sendo de condição divina, […] esvaziou-se a Si mesmo, assumindo a condição de servo” (Flp 2,6-7). A Assembleia reconhece que muitos presbíteros e diáconos, com a sua dedicação, tornam visível o rosto de Cristo Bom Pastor e Servo.
* Propostas: Nas Igrejas latinas o diaconado permanente foi sendo posto em prática de diferentes formas nos vários contextos eclesiais. Algumas Igrejas locais não o introduziram de todo; noutras, teme-se que os diáconos sejam percebidos como uma espécie de remédio para a carência de padres. Por vezes, a sua ministerialidade exprime-se na liturgia, mais que no serviço aos pobres e necessitados da comunidade. Recomenda-se, então, que se faça uma avaliação sobre a atuação do ministério diaconal depois do Concílio Vaticano II.
Sob o perfil teológico, emerge a exigência de compreender o diaconado, antes de mais em si mesmo, e não apenas como uma etapa de acesso ao presbiterado. O próprio uso linguístico de qualificar como “permanente” a forma primária de diaconado, para a distinguir da forma “transitória”, é o agente de uma mudança de perspectiva que ainda não foi realizada de forma adequada.
Uma boa reflexão para todos e muito obrigado pelo que vocês são e significam para nossas Igrejas Particulares.
Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano de Ribeirão Preto (SP) e
Bispo Referencial para Diáconos do Regional Sul 1 da CNBB