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MENSAGEM DO PADRE CÂNDIDO CACCAVELLI PELO 10º ANIVERSÁRIO DE ORDENAÇÃO DO DIÁCONO RICARDO PEREIRA

10/05/2025

MENSAGEM DO PADRE CÂNDIDO CACCAVELLI PELO 10º ANIVERSÁRIO DE ORDENAÇÃO DO DIÁCONO RICARDO PEREIRA

Padre José Cândido Caccavelli de Andrade, pároco da Área Missionária Sagrada Família de Manaus (AM), fez belíssima homenagem ao Diácono Ricardo César Lopes Pereira, no seu 10º aniversário de Ordenação Diaconal Permanente, celebrada em missa solene presidida por Dom Samuel Ferreira de Lima, Bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus (AM). Leia abaixo.

ÁREA MISSIONÁRIA SAGRADA FAMÍLIA – JAPIIM II

REGIÃO EPISCOPAL NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES SETOR SANTA RITA

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA PRESIDIDA PELO EXMO. DOM SAMUEL FERREIRA DE LIMA, 10 ANOS DE ORDENAÇÃO DO DIÁCONO RICARDO CÉSAR LOPES PEREIRA.

Manaus, 09.05.2025

Pe. Cândido Caccavelli

Estimado Dom Samuel,

Estimados Irmãos e Irmãs,

Querido Diácono Ricardo e sua esposa Dora

O diaconato permanente é uma realidade ministerial de consolidada e feliz trajetória na Igreja Particular de Manaus, bem como em muitas Prelazias e Dioceses desta nossa Querida Amazônia, sinal de um forte impulso na missão evangelizadora junto às comunidades eclesiais. Desde o restabelecimento do Diaconato Permanente na Igreja por determinação dos Padres Conciliares no Vaticano II, os Diáconos Permanentes enquanto servidores da Palavra, do Altar e da Caridade em muitas realidades pastorais, em particular, em nossa Amazônia, são animadores da comunhão e dispensadores da Graça de Deus, por meio dos sacramentos e da Celebração da Palavra.

Volvendo o nosso olhar e coração para as Sagradas Escrituras, num famoso trecho da sua Carta aos Filipenses, o Apóstolo Paulo afirma que Cristo "se esvaziou a si mesmo, assumindo a condição de servo" (2, 7). Ele, Cristo, é o exemplo que devemos contemplar. No Evangelho, Ele disse aos seus discípulos que veio "não para ser servido, mas para servir" (cf. Mt 20, 28). Em particular, durante a Última Ceia, depois de ter novamente explicado aos Apóstolos que estava no meio deles "como aquele que serve" (Lc 22, 27), realizou o gesto humilde, reservado aos escravos, de lavar os pés aos Doze, dando assim o exemplo para que os seus discípulos pudessem imitá-lo no serviço e no amor recíproco.

Recordamos, ainda, que depois do martírio de Estêvão, o anúncio da Palavra de Deus parece ter chegado a um impasse, devido ao desencadeamento de “uma terrível perseguição contra a Igreja de Jerusalém” (At 8, 1). Por causa disto, os Apóstolos permanecem em Jerusalém, enquanto muitos cristãos se dispersam por outros lugares da Judeia e da Samaria. No Livro dos Atos, a perseguição manifesta-se como a condição permanente da vida dos discípulos, de acordo com o que Jesus disse: “Se me perseguiram a mim, também vos hão-de perseguir a vós” (Jo 15, 20). Mas em vez de apagar o chama da evangelização, a perseguição alimenta-a ainda mais.

No dia de ontem, 8 de maio de 2025, quando ainda estávamos com a Sede Vacante depois da morte do amado papa Francisco, à tarde, os senhores Cardeais elegeram um novo Sucessor de São Pedro, é o Papa Leão XIV e, na liturgia, ouvíamos o que fez o diácono Filipe, em Gaza, na Palestina, que começa a evangelizar as cidades da Samaria, e são numerosos os sinais de libertação e de cura que acompanham o anúncio da Palavra. Neste ponto, o Espírito Santo marca uma nova etapa no caminho do Evangelho: impele o diácono Filipe a ir ao encontro de um estrangeiro com o coração aberto a Deus. Filipe levanta-se e parte com ímpeto e, numa estrada deserta e perigosa, encontra um alto funcionário da rainha da Etiópia, administrador dos seus tesouros. Este homem, um eunuco, depois de ter passado por Jerusalém para o culto, regressa ao seu país. Era um prosélito judeu da Etiópia. Sentado numa carruagem, lê o pergaminho do profeta Isaías, em particular o quarto cântico do “servo do Senhor”.

O diácono Filipe aproxima-se da carruagem e pergunta-lhe: “Compreendes, verdadeiramente, o que estás lendo?”(At 8, 30). O Etíope responde: “E como poderei compreender, sem alguém que me oriente?” (At 8, 31). Esse homem poderoso reconhece que tem necessidade de ser guiado para entender a Palavra de Deus. E esse diálogo entre o diácono Filipe e o Etíope faz refletir também sobre a constatação de que não é suficiente ler as Escrituras, pois precisamos entender o seu significado, encontrar o “sumo”, indo mais além da “casca”, haurindo o Espírito que anima a letra. Como o Papa Bento XVI disse no início do Sínodo sobre a Palavra de Deus, "a exegese, a verdadeira leitura da Sagrada Escritura, não é apenas um fenômeno literário [...] É o movimento da minha existência" (Meditação, 6 de outubro de 2008). Entrar na Palavra de Deus significa estar disposto a sair dos próprios limites para encontrar e se conformar com Cristo, que é a Palavra viva do Pai.

No final deste episódio, o Etíope reconhece Cristo, pede o Batismo e professa a fé no Senhor Jesus. É uma linda narração, e numa sua meditação, o Papa Francisco de amada e saudosa memória, escreveu: “mas quem levou o diácono Filipe ao deserto para se encontrar com aquele homem? Quem levou Filipe a aproximar-se da carruagem? Foi o Espírito Santo. O Espírito Santo é o protagonista da evangelização.

Dileto Diácono Ricardo, querida esposa Dora, esta noite em que nosso Bispo Auxiliar Dom Samuel Ferreira de Lima preside a Eucaristia para nós, desejo dizer-vos que é com alegria e gratidão ao Senhor que agradecemos o dom do vosso serviço diaconal entre nós, em nossa Área Missionária Sagrada Família. Sua vocação nasceu numa comunidade concreta, no bairro de Santo Agostinho, Área Missionária da Ponta Negra, junto aos Padres Palotinos. Dali, acolhendo o chamado da Igreja, você esteve disponível para responder com generosidade ao pedido do amado e saudoso Dom Sergio Castriani, que lhe pedia de atravessar a ponte para fazer-se irmão entre os irmãos e as irmãs do interior do Distrito do Cacau-Pirêra, onde, três anos depois lhe conheci, também sendo envidado como padre para o serviço da presidência, junto de vocês.

Deste 10 anos de caminhada, estamos juntos há 7 anos, desde àquele 25 de fevereiro de 2018, e sou testemunha de como o amor de Deus derramado em sua vida e na vida de sua esposa, tem dado frutos em abundância, não obstante as dificuldades da vida. Testemunho o quanto sua presença e serviço diaconal aponta para o Cristo e dá um novo horizonte espiritual a tantos quantos o escutam e são aconselhados por você, no exercício do ministério diaconal, na edificação de comunidades eclesiais vivas, missionárias e atentas às necessidades dos pobres.

Desejo testemunhar o quanto o ministério diaconal que a Igreja lhe confiou ajuda a edificar o ministério de presbítero que recebi. Sua amizade e o carinho de sua família foram imprescindíveis nestes anos de muitas alegrias, mas também de grandes desafios e necessidades materiais. Nos dias mais difíceis da pandemia, você e Dora decidiram ficar comigo e o povo das 64 comunidades do Cacau-Pirêra, em meio as grandes necessidades humanas e materiais, em grande privação. Difícil não recordar, neste momento, das muitas alegrias partilhadas com as comunidades ribeirinhas e das estradas, e dos muitos perigos enfrentados nas travessias, com temporais e banzeiros, paramentando-nos com as vestes torcidas para retirar o excesso de água.

E tendo a Providencia de Deus nos chamado para outra missão, novamente juntos, agora na região do Distrito Industrial, você continua a oferecer de si e de sua pobreza para acompanhar os núcleos e as famílias, seja no Morro da Preguiça seja no igarapé da Manaus 2000, seja no acompanhamento dos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística.

Caros Ricardo e Dora, desejo dizer-lhes ainda que é um privilégio para mim contar com sua companhia neste caminho sinodal da Igreja, pois seu serviço diaconal em nossa Área Missionária Sagrada Família muito contribui para edificação do Corpo de Cristo – o povo santo de Deus. Jesus nos recordou dos vínculos de amizade entre aqueles que se tornam seus discípulos, e como é bom poder dizer-lhes, que os tenho como distintos amigos, como uma minha família.

E assim, vivendo e testemunhando a caridade infinita de Deus, neste encontro feliz de dois serviços (presbiteral e diaconal) que não concorrem entre si, mas se complementam, na doação de si, desejo que o vosso ministério esteja sempre ao serviço da edificação da Igreja como comunhão. A vossa vocação, Diácono Ricardo, é uma graça particular para as comunidades e as famílias de nossa Área Missiona, pois nos ajuda a todos a abrir-se cada vez mais ao acolhimento da vontade do Senhor e das necessidades da Igreja.

O Senhor recompense a você e a sua esposa, por vossa disponibilidade em vista do crescimento da comunidade eclesial. Unidos e em comunhão plena com nosso novo Papa Leão XIV, apenas eleito na tarde de ontem, façamos dos nossos ministérios aquilo que é o sentimento do seu ministério Petrino – “navegar pelas águas da história e ser farol que ilumina as noites deste mundo”.

Com estes sentimentos, imploro, de bom grado e de coração a bênção de Deus, para que sua alegria seja completa no cumprimento do vosso ministério diaconal. Parabéns!

Pe. José Cândido Caccavelli de Andrade Pároco.