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Não põe a Mãe/Igreja no meio!!!

21/10/2010

Diácono José Carlos Pascoal

Assessor de Comunicação da CND (ENAC), Presidente do Regional Sul 1 e agenda da PASCOM diocesana.

No meu tempo de criança, nas "peladas" no campinho de terra, era comum certas decisões (sem juiz, claro) provocarem discussões e até confrontos físicos. Mas (sempre tinha um moderador) surgia alguém que dizia no auge do xingamento: "Não põe a mãe no meio".

A criançada respeitava (os marmanjos, não), pois mãe era (é) figura sagrada para todos, inclusive para os órfãos ou abandonados. E a discussão acalmava, a paz voltava e o jogo recomeçava "numa boa".

É o que dá vontade de gritar para os oponentes na disputa presidencial, seus partidos e aliados, seus marqueteiros e a grande mídia: "Não põe a Mãe/Igreja no meio". A disputa caminha para ver quem é mais cristão, não para ver quem tem mais capacidade de dirigir a nação. A Igreja é criticada porque dá opinião; é criticada quando não a dá. Ora, a Igreja é formadora de opinião, mas tem a missão de conscientizar, não de dar palpites ou "forçar" alguém a votar neste ou naquela.

A Igreja é acusada pelos seguidores de uma candidata; os seguidores partidários veem o "dedo" da oposição nessa cruzada demonizante. O outro lado aproveita da situação criada. A Igreja no Brasil deu sua palavra oficial com a Declaração sobre o momento político nacional, doc. 91 (48ª Assembleia Geral da CNBB, maio de 2010, Brasília), complementando com nota de 08 de outubro de 2010. A CNBB Sul 1 (73ª Assembleia Geral da CNBB Sul 1, Junho de 2010, Aparecida) divulgou a nota "Votar bem", assinada pelos Bispos do Regional, completando com nota sobre as eleições de 16 de outubro de 2010 (Assembleia das Igrejas Particulares do Estado de São Paulo, Itaicí, Indaiatuba, 15 a 17 de outubro).

Portanto, esta é a PALAVRA OFICIAL DA IGREJA NO BRASIL. As declarações de bispos, presbíteros, leigos, programa em emissora de televisão católica, não refletem a OPINIÃO DA IGREJA. Portanto, NÃO PÕE A MÃE/IGREJA NO MEIO!!!

Tenho o direito de considerar errada a posição tomada por bispos, presbíteros, diáconos, líderes cristãos, principalmente na proliferação de mensagens via redes sociais, mas, parafraseando Voltaire: defenderei o direito deles dizerem o que pensam. O que deve ficar claro, de uma vez por todas, é a de que NÃO É A PALAVRA OFICIAL DA IGREJA. Cito frase de Dom Jacyr, Bispo de Santos, em reunião do Fórum das Pastorais Sociais: "o eleitor é juiz de seu voto". A Igreja tem o dever de conscientizar, não de indicar partido ou candidato. O eleitor é que deve tomar sua posição.

Quem critica a posição da maioria das Igrejas Cristãs e do Espiritismo kardecista na luta contra a descriminização do aborto, deveria ter como lição de casa, diariamente, o artigo do Dr. Ives Gandra Martins (jornal "Folha de S. Paulo, pág. A3 - 19/10/2010), com considerações no aspecto jurídico/constitucional, e não de debate religioso. Tem gente que não gosta de ouvir ou ler opiniões diferentes das suas. Nesse caso, repito: NÃO PÕE A MÃE IGREJA NO MEIO!!!

Data do artigo: 21/10/2010