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O DIÁCONO PERMANENTE E A PASTORAL DOS ENFERMOS

31/05/2023

O DIÁCONO PERMANENTE E A PASTORAL DOS ENFERMOS

Diácono Miguel Ángel Herrera Parra

Santiago do Chile

 

            A tríplice recompensa dos diáconos é colaborar nos ministérios da Liturgia, da Palavra e da Caridade.

            No ministério da Caridade, que é a chave para os diáconos testemunharem Jesus Servo, na vida cotidiana, ela abre as portas para servirmos na Pastoral dos Enfermos ou na Pastoral Hospitalar, e fazemos isso fazemos formando os ministros leigos dessa pastoral, visitando os doentes, levando-lhes a Comunhão ou oferecendo-lhes apoio espiritual.

            Porém, também é importante ressaltar que os diáconos permanentes, como todos os seres humanos, podem adoecer e a partir de nossa condição de diáconos enfermos, podemos colaborar no serviço e na evangelização, a partir das dores e esperanças que estamos vivendo.

            Desde o ano passado, tenho lidado com câncer de cólon metastático que afetou o fígado e os pulmões. Submeti-me, até agora, a oito ciclos de quimioterapia sistémica (num primeiro esquema antes da cirurgia do cólon e do fígado) e seis, de um total de oito ciclos de quimioterapia sistémica, o que significou ter efeitos como náuseas, tonturas, vômitos, prisão de ventre, pele seca, falta de apetite com consequente diminuição do peso corporal.

            Além disso, em todo esse tempo, tive uma trombose no braço esquerdo, uma infecção bacteriana devido ao enfraquecimento das defesas do meu corpo e uma trombose pulmonar aguda, que exigiu uma internação de quatro dias. Tive muitas dores, mas também sinto uma grande esperança de que, com a ajuda da ciência médica, e tomado pela mão de Deus, poderei seguir em frente, para continuar a servir o nosso Povo.

            Quero compartilhar que, neste processo de cura, não me fechei em mim mesmo, mas - com a ajuda do Espírito Santo - fui escrevendo para as pessoas que cuidaram de mim, como enfermeiros, técnicos de enfermagem, administrativos, pessoas que coletam amostras de sangue em laboratório, oncologistas e outras pessoas que trabalham nas instituições médicas e hospitalares que me trataram.

            Escrevi odes ou poemas, diretamente para cada uma dessas pessoas, com base no significado de seus nomes (por exemplo: "Deus acrescentará", "força de Deus", "enviado do Senhor", "mensageiro", "cheio da graça”, e muitos outros) e das virtudes que deles pude apreciar, especificamente. Esses poemas contêm versos que falam de gratidão por seu trabalho, por seu humanismo, por sua própria missão e vocação, pelo bom tratamento de pacientes de todos os tipos, que enfrentam diferentes tipos de câncer, em estágios muito diferentes. As reações de todos eles têm sido de alegria e gratidão, pois destacam que é a primeira vez que escrevem algo para eles e que agradecem pelo seu trabalho na área da saúde.

            Assim, descobri que os pacientes com câncer não apenas recebem cuidados de nossa doença, de forma passiva, mas que podemos ser protagonistas ativos das coisas que estamos vivendo em meio a um processo carregado de tanta dor e tanta esperança.

            Os diáconos permanentes podem adoecer e sofrer, como todos os outros, mas podemos sempre partilhar o nosso toque diaconal e surpreender e alegrar o coração de quem cuida de nós, nos acompanha e cuida de nós, no meio deste caminho de doença, que é alegre e esperançoso.

            O Pai, o Filho e o Espírito Santo, têm um "convênio de proteção total" conosco, diáconos, pois nos abençoaram e encorajaram, com os sete sacramentos da Igreja, desde o nosso Batismo, nossa Confirmação, a Santa Eucaristia, a Reconciliação, Unção dos Enfermos, nosso Matrimônio e nossa Ordenação Diaconal.

            Com o nosso Deus, que é de Amor e Misericórdia, tudo temos e sem Ele nada temos.

            Obrigado Senhor, por tudo que nos dás!

(Foto: Diaconia da Saúde da Arquidiocese de Teresina (PI)