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O Ensino Social da Igreja

21/11/2019

O Ensino Social da Igreja emerge da fé na Boa Nova de Jesus Cristo, vivida na espiritualidade, refletida pela tradição teológica e explicitada pelo Magistério. Não foram poucas as advertências dos profetas e do próprio Jesus em relação ao cuidado que todo ser humano deve ter com seus irmãos, sobretudo os pobres e os excluídos. Essa verdade é tão explícita. que mereceu do Papa Paulo VI a afirmação contundente: "Entre evangelização e promoção humana - desenvolvimento, libertação - existem laços de ordem antropológica [...]; laços de ordem teológica [...]; laços daquela ordem eminentemente evangélica, qual é a ordem da caridade: como se poderia proclamar o mandamento novo sem promover na justiça e na paz o verdadeiro e o autêntico progresso do homem?".

Portanto, quando a Igreja Católica se pronuncia sobre a realidade social, política e econômica, o faz consciente de que de sua "missão religiosa decorrem benefícios, luzes e forças que podem auxiliar a organização e o fortalecimento da comunidade humana".

A Igreja assume, desta forma, sua missão no campo político, visando formar as consciências cristãs de que há uma relação intrínseca, e portanto indissolúvel, entre vida e fé, promoção humana e missão religiosa.

Há mais de cem anos, a Igreja Católica tem sistematizado seu ensino social em face das ideologias dominantes seja do liberalismo, seja do socialismo. Recentemente, a prevalência do chamado neoliberalismo e as novas condições de produção e distribuição da riqueza têm levado o Magistério da Igreja a explicitar, com clareza, seu posicionamento tanto contra os desvios do atual sistema quanto em favor de novas formas de solidariedade.

O Papa João Paulo II marcou seu pontificado com a chamada de toda a Igreja para o desenvolvimento da globalização da solidariedade. Ele considerava como missão da Igreja, seu serviço e comprovação da sua fidelidade a Cristo, o incentivo às mais diversas formas de solidariedade, pois isso a identifica como a "Igreja dos pobres".

Na exoração Apostólica Ecclesia in America, 1998, falando sobre os pecados sociais que clamam aos céus, afirma o Papa João Paulo II: "Domina cada vez mais, em muitos países americanos, um sistema conhecido como "neoliberalismo"; sistema este que, apoiado numa concepção economicista do homem, considera o lucro e as leis de mercado como parâmetros absolutos em prejuízo da dignidade e do respeito da pessoa e do povo. Por vezes, este sistema transformou-se numa justificativa ideológica de algumas atitudes e modos de agir no campo social e político, que provocam a marginalização dos mais fracos. De fato, os pobres são sempre mais numerosos, vítimas de determinadas políticas e estruturas frequentemente injustas".

Na Carta Apostólica "No Início do Novo Milênio", 2001, diz o Papa com igual força: "O nosso mundo começa o novo milênio carregado com as contradições de um crescimento econômico, cultural e tecnológico, que oferece a poucos afortunados grandes possibilidades, e deixa milhões e milhões de pessoas, não só à margem do progresso, mas a braços com condições de vida muito inferior ao mínimo que é devido à dignidade humana".

Documentos da CNBB 67 - Eleições 2002 - Propostas para reflexão, nºs 24 a 30.