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O Estado e a Paróquia que queremos

21/11/2019

Por: Diácono José Carlos Pascoal

A 5ª Semana Social Brasileira tem como tema “O Estado que temos e o Estado que queremos”. Foi lançada em agosto de 2011, após aprovação unânime dos bispos na 49ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, realizada em Aparecida, SP. Desde então estão sendo realizados encontros de formação e debates, através das pastorais e movimentos sociais em todo o Brasil.

No Regional Sul 1 da CNBB foram realizados 3 seminários da 5ª SSB: em março de 2012, em Embú das Artes, SP; novembro de 2012, em Jundiaí, e agora recentemente (28 a 30 de junho de 2013) novamente em Jundiaí. O primeiro teve como objetivo apresentar o texto-base e o instrumento metodológico da 5ª SSB. Os dois últimos, para refletir os eventos relacionados ao tema e colher os subsídios que serão encaminhados à equipe nacional que prepara a 5ª Semana Social Brasileira, que será realizada nos dias 2 a 5 de setembro de 2013, em Brasília, DF.

No seminário de junho, além da qualidade do debate e das sugestões oferecidas para “O Estado que queremos”, surgiu também o debate sobre “A Paróquia que temos e a Paróquia que queremos”, com base no documento de estudos nº 104 da CNBB: “Comunidade de Comunidades: Uma nova Paróquia”. No plenário surgiu a seguinte observação: o Estado que queremos passa por uma mudança estrutural de paróquia, onde “a sociedade do Bem Viver” deve ser buscada, pois é projeto de Cristo, deve ser comunidade do Reino, onde “todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum” (At 2, 44), e “a multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma” (At 4, 32), “nem havia entre eles nenhum necessitado. Repartia-se então a cada um deles conforme a sua necessidade” (At 4, 34.35).

Se a Paróquia é a expressão de Jesus, nela deve se aplicar em plenitude a cidadania, onde ninguém leva vantagem e, através do testemunho, provoca o Estado para que cumpra sua obrigação de zelar pelos seus cidadãos. A Igreja não quer tomar o lugar do Estado, mas, fazendo sua parte conforme Jesus, e valorizando as pastorais e movimentos sociais, terá como exigir do Estado, pois “Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta os direitos a toda população” (tema do Grito dos Excluídos de 2012).

“A vulnerabilidade social clama para que todas as comunidades paroquiais aproximem-se de toda situação onde a vida estiver ameaçada. Só a proximidade que nos faz amigos nos permite apreciar profundamente os valores dos pobres de hoje, seus legítimos desejos e seu modo próprio de viver a fé. A aproximação com os pobres e sofredores educa a comunidade cristã. Tal atitude muda as pessoas mais do que os discursos; faz entender a fragilidade da vida e orienta o cristão a trabalhar por uma sociedade mais justa e solidária, na perspectiva da promoção integral da pessoa, em vista do Reino”. (Estudos da CNBB, 104, nº 152 – Edições CNBB)

Na perspectiva de termos a paróquia que queremos, podemos exigir então o Estado que queremos. Toda mudança exige sacrifícios, mas é necessária. Não somente exijamos essas mudanças, mas façamos a nossa parte como cristãos autênticos e como cidadãos que respeitam a Lei e exige os seus direitos.

* presidente da CRD Sul 1 e Moderador do Fórum das Pastorais Sociais do Regional Sul 1.