O FENÔMENO “FRANCISCO”
22/11/2019
Por quê um homem simples, dócil, “sem ouro ou prata para dar... a não ser Jesus Cristo” pode estar movimentando estes jovens peregrinos de todas as partes do mundo, reunindo mais de um milhão e meio de pessoas na praia de Copacabana, numa noite fria e chuvosa para ouvir as suas reflexões, simples, coerentes mas ao mesmo tempo conflitantes com o modus vivendi da maioria das pessoas?
Francisco não prega nada de novo. Há mais de dois mil anos a Igreja prega a fórmula de se viver em paz. É o “shalom” dos hebreus que envolve o bem estar, a alegria, a saúde física e mental. Mas o que cativa , tanto crentes como agnósticos os gestos simples deste argentino de beijar as crianças, abençoar a multidão e os doentes, visitar favelas, dialogar com presidiários e distribuir sorrisos àqueles que se aglomeram para vê-lo, num esforço terrível de tocá-lo, apertar sua mão?
Na praia de Copacabana o Papa pede a volta à espiritualidade. O povo está cansado e desiludido da busca incessante às coisas materiais que não alimentam o espírito, enfim, que não trazem a felicidade. Os jovens estão desorientados e cercados de perigos imensos: drogas, álcool, promiscuidade, violência, solidão e falta de afeto. As famílias desestruturadas não oferecem o aconchego, a orientação fruto da experiência, e pior ainda, não oferecem o testemunho de uma vida saudável, onde o amor sem medida baliza o relacionamento das pessoas.
Mais de um milhão de jovens de 170 países vieram ao Brasil para trocar experiências, ouvir as pregações do Pontífice e crescer em solidariedade. ‘Vivemos um momento rico que poderá trazer frutos abundantes. Em resumo: a valorização da vida interior, o amor ao próximo, a acolhida aos pobres e doentes levando em consideração o grande alerta deixado pelo papa Bergoglio: "O antigo culto ao bezerro de ouro encontrou uma imagem nova e cruel no fetichismo do dinheiro e a ditadura de uma economia que não tem cara. Hoje não manda o homem, mas o dinheiro. O dinheiro deveria servir e não governar!"
Diácono José Antonio Jorge
Doutor em Agronomia e Mestre em Teologia
joseajorge@hotmail.com