Os Bentos na história do papado Parte 1
20/02/2006
Pareceu-me interessante tornar conhecido um pouco da vida dos Papas, que ao longo da História tomaram o nome de Bento. Vamos basear-nos no ótimo estudo I Papi de Claudio Rendina, apresentado em notável série de artigos do Bollettino Salesiano, revista mundial de nossa Congregação.
O Card. Ratzinger, eleito sucessor de João Paulo II naquele inolvidável 19 de abril, escolheu o nome de Bento, recordando São Bento, o fundador do monaquismo ocidental, que ele proclamou como " um fundamental ponto de referência pela unidade da Europa e um forte chamado às irrenunciáveis raízes cristãs de sua cultura e de sua civilização". Já sobre o último Pontífice que teve este nome, Bento XV (1914-1922), o atual Sucessor de Pedro declarou "um autêntico e corajoso profeta da paz". E, justificando a escolha do nome, disse que pretendia, nas pegadas do último Papa desse nome, "pôr o seu ministério a serviço da reconciliação entre os homens e os povos".
Foi no longínquo 575, que um Papa tomou pela primeira vez o nome de Bento. O que se sabe dele é que guiou a Igreja até 579 e muito se desdobrou pela cidade de Roma, oprimida pelos bárbaros invasores, pela peste e pela carestia. Solicitou ao Imperador Justino II que fizesse trazer do Egito barcos carregados de trigo para alimentação de seus diocesanos. Foi sepultado na sacristia da Basílica de S. Pedro.
Após 18 Papas, vamos encontrar um Bento II, que esteve à frente da Igreja de 684 a 685 apenas. Ficou conhecido como grande estudioso da Bíblia e exímio cultor do canto litúrgico. Para sua eleição, conforme costume da época, participaram clero, exército e povo de Roma. O imperador de Constantinopla, Constantino IV (o "Barbudo"), enviou-lhe carta, renunciando em perpétuo ao privilégio dos imperadores do Oriente de confirmar sua eleição, como era costume.
Dois séculos depois, vamos encontrar um Bento III, eleito em 855. Entre Leão IV, seu antecessor e ele, surgiu a lenda da papisa Joana, pura lenda, que não tem nada de histórico a não ser que Roma na época estava à mercê de um grupo de mulheres, sem nenhum escrúpulo moral. Bento III era romano e apenas eleito, sofreu a perseguição do anti-papa Anastácio que invadiu o Palácio do Latrão e o fez prisioneiro, mas o povo e o clero romano o libertaram. Consagrado Papa legítimo, tratou com indulgência o próprio anti-papa, perdoando-o com a todos os seus adversários. Homem simples e manso, Bento III era grandemente estimado por sua piedade e sabedoria.
Pouco se sabe sobre Bento IV, que foi papa de 900 a 903, definido por um cronista da época "como homem manso e de índole sinceramente sacerdotal". Coisa infelizmente não tão comum entre os papas daquela época... Em vão, ele tentou opor-se à corrupção e à decadência moral de Roma do final do primeiro milênio. Por essa razão, alguns historiadores colocam o pontificado de Bento IV no período denominado "idade tenebrosa" da história da Igreja.
(Continua no próximo artigo)
data do artigo: 20/02/2006