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Os Bentos na história do papado Parte 2

17/03/2006

Continuando a série de Papas com o nome de Bento, que começamos no artigo anterior, vamos encontrar um Bento V em maio de 964, escolhido pela nobreza romana e rejeitado pelo Imperador alemão Oto I, que já havia escolhido um anti-papa de seu gosto, com o nome de Leão VIII. Bento V santamente compareceu a um pseudo-concílio, convocado pelo anti-papa e acusado de haver usurpado o papado, suplicou: "Se fiz algo de errado, tende piedade de mim!" Foi deposto em 23 de junho daquele mesmo ano de 964 e faleceu no exílio em Hamburgo em 966. Coisas do final do primeiro milênio da história da Igreja...

O Bento VI na história do Papado teve fim ainda mais triste. Apoiado pelo Imperador foi eleito em 19 de janeiro de 973 e, após a morte de Oto I, como não era do agrado dos romanos por sua origem germânica, foi feito prisioneiro no castelo Sant´Angelo e assassinado em julho de 974. Foi o novo Imperador Oto II quem colocou no trono de S. Pedro Bento VII em outubro de 974. Da família dos condes de Túscolo, conseguiu harmonizar o Imperador com a aristocracia romana e assim, pôde dedicar-se às tarefas apostólicas que andavam tão descuidadas. Incrementou a atividade missionária entre os povos germânicos e eslavos, retomou a reforma monástica e fez uma enérgica condenação da simonia (venda do sagrado). Infelizmente, veio a falecer em 10 de julho de 983, com menos de nove anos de um santo e feliz pontificado.v

O novo milênio vai encontrar no sólio pontifício Bento VIII, eleito ainda leigo em 18 de maio de 1012. Membro da poderosa família Túscolo, repudiou a interferência civil na eleição do Papa, determinando normas canônicas para a escolha do sucessor de Pedro, infelizmente pouco obedecidas nas eleições seguintes. Apesar de um pontificado perturbado por guerras, dedicou-se a um grandioso projeto de paz universal, envolvendo o Imperador e os príncipes da época. Sonhou com um concílio ecumênico, mas só pôde realizar um concílio provincial, com normas para restabelecer a disciplina do clero, a observância do celibato e a condenação da simonia. Depois de um feliz pontificado, morreu em Roma a 6 de abril de 1024.

Depois do breve pontificado de João XIX, um sobrinho de Bento VIII se tornou papa aos 20 anos de idade, ainda leigo, em 1032 e tomou o nome de Bento IX. Sua eleição foi claro ato de nepotismo e seu pontificado dos mais tristes da história da Igreja. O historiador Gregorovius considera as condições morais da Roma daquele tempo piores do que no período dos Borgia. Bento IX governou a Igreja com relativa tranquilidade até 1044. Neste ano, foi deposto por uma revolta popular, mas retomou o papado em abril de 1045, sendo novamente deposto 21 dias depois. O Imperador Henrique III foi a Roma disposto a pôr ordem na Igreja romana, recolocando no trono de S. Pedro o infeliz Bento IX, que governou a Igreja até julho do ano seguinte, quando foi novamente deposto pelos legados imperiais e recluso no mosterio de Grottaferrata até a morte. Seus próprios sucessores disseram dele que não fora "um espelho de moralidade".

No próximo artigo continuaremos com a série dos Bentos na história do papado.

(Continua no próximo artigo)
data do artigo: 17/03/2006