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Por que o diácono não deve relutar em ser homem da Caridade

21/11/2019

Por que o diácono não deve relutar em ser homem da caridade

Diácono José Carlos Pascoal – Diocese de Jundiaí/SP

O diácono permanente pode e deve agir na Igreja de muitas maneiras. Seu ministério oferece um leque de espaços de ministrar a Palavra, de celebrar a Liturgia e, principalmente, de exercer a caridade. Não ter a “sede” do poder, mas a “sede” de servir.
Santo Inácio de Antioquia escreve: “É dever dos diáconos, ministros dos mistérios de Jesus Cristo, procurar de toda maneira agradar a todos. Pois não são diáconos para a comida e bebida, mas ministros da Igreja de Deus” (Carta aos tralianos). É o testemunho no ministério que provoca o respeito da comunidade para com o diácono e do diácono para com a comunidade.
O santo continua exortando a comunidade: “Igualmente respeitem todos os diáconos como a Jesus Cristo, do mesmo modo que têm reverência pelo bispo, figura do Pai, e pelos presbíteros, senado de Deus e conselheiros dos apóstolos. Sem eles (diáconos) não existe a Igreja.” (Carta aos tralianos) O Espírito Santo promove esse entendimento. Respeitar para ser respeitado.
Às vezes somos tentados a nos adornarmos com luxo e a celebrar em templos cada vez mais luxuosos, com esmero nos detalhes litúrgicos, com objetos cada vez mais chamativos. A simplicidade com seriedade de que nos fala o papa Francisco é deixada de lado quando nos deparamos com os exageros litúrgicos que querem imitar o ritual do Vaticano e não atentam para as realidades regionais ou locais.
São João Crisóstomo (Das Homilias sobre Mateus) nos adverte: “Que proveito haveria, se a mesa de Cristo está coberta de taças de ouro e ele próprio morre de fome? Sacia primeiro o faminto e, depois, do que sobrar, adorna sua mesa. Fazes um cálice de ouro e não dás um copo de água? Que necessidade há de cobrir a mesa com véus tecidos de ouro, se não lhe concederes nem mesmo a coberta necessária? Que lucro haverá?”
Devemos ter cuidado em não privilegiar um serviço diaconal e detrimento de outro. Tão importante quanto a Palavra é a ação de caridade e misericórdia que ela provoca. Buscar receber os elogios da pregação ou da ação litúrgica pode prejudicar a ação decorrente da Palavra e da Liturgia: o testemunho através das obras de Caridade. A Palavra nos impulsiona à Caridade, e a Caridade nos levar a louvar e agradecer a Deus através da Liturgia.
São Vicente de Paulo nos ensina (Dos seus Escritos): “Deve-se preferir o serviço dos pobres a tudo o mais e prestá-lo sem demora. Se na hora da oração for necessário dar remédios ou auxílio a algum pobre, ide tranquilos, oferecendo a Deus esta ação como se estivésseis em oração. Não vos perturbeis com angústia ou medo de estar pecando por causa do abandono da oração em favor do serviço dos pobres. Deus não é desprezado, se por causa de Deus dele nos afastarmos, quer dizer, interrompermos a obra de Deus (a oração) para realiza-la de outro modo (a caridade)”. E completa o grande santo da Caridade: “Portanto, ao abandonardes a oração, a fim de socorrer a algum pobre, isto mesmo vos lembrará que o serviço é prestado a Deus. Pois a caridade é maior do que quaisquer regras, que, além do mais, devem todas tender a ela. E como a caridade é uma grande dama, faz-se necessário cumprir o que ordena. Por conseguinte, prestemos com renovado ardor nosso serviço aos pobres; de modo particular aos abandonados, indo mesmo à sua procura, pois nos foram dados como senhores e protetores” (idem).