Home | Publicação | QUEM TEM MEDO DO DIÁCONO PERMANENTE?

Compartilhe:

QUEM TEM MEDO DO DIÁCONO PERMANENTE?

06/09/2021

QUEM TEM MEDO DO DIÁCONO PERMANENTE?

Diácono Mario Ângelo Braggio - Arquidiocese de São Paulo (SP)

Medo de altura, de aranha, de lobo mau, de falar em público, de escuro, de morrer... A lista é enorme, sem dúvida, e eu resolvi acrescentar o “medo de diácono permanente”. Sabe-se que o medo é uma sensação que se manifesta diante do perigo iminente, do inusitado, da falta de controle sobre determinada situação... Ele pode ser racional e irracional, variar de “medinho” a fobia e provocar reações físicas e emocionais. O medo é importante e necessário para a saúde e a sobrevivência humana, haja vista que uma pessoa “sem medo de nada” arrisca (e compromete) a própria vida e a dos outros. 

Não raro, evita-se admitir sobretudo os medos irracionais e, ao invés de procurar as suas causas, desmistificá-los, enfrentá-los, conversar sobre eles, desconstrui-los e acabar com eles, recorre-se à negação, ao silêncio, à dissimulação e aos eufemismos. Isso não é bom, porquanto gera inação, paralisia, involução, e não resolve o problema...

Mas, voltando ao diácono permanente: por que há quem age como se tivesse medo dele? Que perigo ele pode oferecer? Que mal ele pode causar? Por meio do serviço diaconal da Palavra, da liturgia e da caridade, o diácono permanente atua em diversos grupos, equipes e pastorais, na igreja matriz, nas capelas e comunidades, nas favelas e periferias, na saúde, na educação, na assistência, no mundo do trabalho – incluindo os ambientes em que muitas vezes os padres e o bispo encontram dificuldades para atingir – anunciando e testemunhando uma Igreja que acolhe, inclui e serve com alegria, disponibilidade e desprendimento. 
O diácono permanente não vem para tirar o lugar de ninguém; não vem para desafiar, para competir, para incomodar, para atrapalhar, para usurpar. Ele vem, isto sim, para – em duas palavras – servir e cooperar.

O diácono permanente que tem clareza da sua vocação e do seu ministério não quer ser padre e nem ocupar o lugar do padre; não quer fazer do presbitério o seu locus privilegiado, desfilando esmerados trajes litúrgicos; não busca cargos, carreiras, poder e benefícios. Como diz o Papa Francisco, “ele se entrega ao seu ministério sem procurar as filas da frente e conta a grandeza da humildade de Deus que dá o primeiro passo para ir ao encontro de todos”. Sendo assim, por que temê-lo?