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“SEMANA SÃO LOURENÇO” RELATÓRIO DO IV CONGRESSO VOCACIONAL DO BRASIL

10/08/2020

“SEMANA SÃO LOURENÇO”  RELATÓRIO DO IV CONGRESSO VOCACIONAL DO BRASIL

IV CONGRESSO VOCACIONAL DO BRASIL    Aparecida (SP), 5 a 8 /09/2019

VOCAÇÃO e DISCERNIMENTO “Mostra-me Senhor, os teus Caminhos” Sl 25,4.

DIÁCONO :  IDENTIDADE, VOCAÇÃO e DISCERNIMENTO

1. IDENTIDADE DO SER DIACONAL

O ser, a vocação e a missão do diácono surgem da ação criativa do Espírito Santo, na Igreja primitiva diante das necessidades da comunidade e da urgência da Igreja em cumprir a sua missão (At 6,3). O diaconado permanente situa-se no contexto da vida e da ação pastoral da Igreja.

A identidade do diácono é ser sinal sacramental de Cristo Servo, sendo discípulo missionário, consagrado para servir à unidade do Povo de Deus, vivendo à comunhão no ministério ordenado fazendo acontecer a boa nova do Evangelho entre todas as criaturas.  O diácono recebe, através da ordenação sacramental, uma marca indelével que o configura a Cristo Servidor. Com este sinal, tem grande eficácia a sua ação pastoral, que, como afirma o Doc.de Puebla, n. 697,  "O diácono, colaborador do bispo e do presbítero,  recebe uma graça sacramental própria. O carisma do diácono, sinal sacramental de Cristo-Servo, tem grande eficácia para a realização de uma Igreja servidora e pobre, que exerce sua função missionária com vistas à libertação integral do homem".

Os diáconos servem ao povo de Deus na diaconia da Palavra, da Liturgia e da Caridade, em comunhão com o bispo e com o presbitério. Esta comunhão é sustentáculo da unidade indispensável no exercício da missão para garantir fecundidade missionária para a vida da Igreja. Este é um compromisso que se traduz na fidelidade aos princípios e orientações evangelizadoras que definem as metas e compromissos missionários na Igreja Particular na qual os diáconos estão inseridos como servidores, sendo ministro ordenado da Igreja e, então, membro da hierarquia com o bispo e os presbíteros

O diaconado permanente situa-se no contexto da vida e da ação pastoral da Igreja. “alguns discípulos missionários do Senhor são chamados a servir à Igreja como diáconos permanentes, fortalecidos, em sua maioria, pela dupla sacramentalidade do matrimônio e da ordem.

Os primeiros diáconos foram instituídos pelos Apóstolos, em Jerusalém, logo na origem do cristianismo, para organizar o serviço da partilha de bens com os necessitados (cf. At 6,1-6). Eles se dedicaram também à pregação do evangelho e à celebração do batismo (cf. At 8,4-8.14-17). Contudo, conserva-se a memória de santos diáconos como Estêvão (Jerusalém), Vicente (Lisboa) e Lourenço (Roma). O diaconado como ministério, floresceu entre os séculos II e V. Depois disso, se eclipsou, permanecendo como uma etapa transitória do itinerário, em vista da ordenação presbiteral. O Concílio Vaticano II o restaurou como um ministério ordenado permanente, na Igreja do rito Latino (LG, n. 29). Este ministério foi, logo em seguida, regulamentado pelo Papa Paulo VI, por meio das Cartas Apostólicas Sacrum Diaconatus Ordinem (1967) e Ad Pascendum (1972). As perspectivas pastorais que tanto motivaram os padres conciliares a restaurar o ministério diaconal, na verdade, eram motivações do grande protagonista da Igreja: o Espírito Santo. Impulso divino que conduziu a Igreja à restauração do quadro completo da hierarquia – bispos, presbíteros e diáconos; propondo uma Igreja evangelizadora  nas formas de participação de todos os ministérios, carismas ou vocações refletem algum traço do ministério de Cristo e tornam-no presentes para colaborar com a salvação realizada por ele por meio da Igreja.(Bendinelli,2011)

2.  VOCACÃO E DISCERNIMENTO

Vocação é um termo derivado do verbo latino vocare que significa "chamar". Vocação é, assim, chamado, convite, apelo. É ato de chamar da parte de Deus; é um estado de relação entre Deus e o homem; é diálogo, porque há atenção para com o outro. Vocação é encontro de duas liberdades: a liberdade absoluta de Deus que chama e a liberdade do homem que responde. Vocação é um dom que exige resposta de fé. Toda vocação é dom e mistério pois o chamado de Deus supera as expectativas humanas e se serve de caminhos impensáveis.

O  aspecto teológico que destacamos a respeito do diaconado no Vaticano II, é que todo sacramento é graça de Deus. Os diáconos, ao receberem o sacramento da ordem, são fortalecidos com a graça sacramental.  O diaconato é graça e dom do Espírito Santo para a sua Igreja e aqui está outra grande novidade: o sacramento da ordem como carisma e não apenas como “poder”. O carisma do diácono é ser sinal sacramental de Cristo Servo e animador do serviço na comunidade cristã. A graça sacramental do diaconato faz sentir os seus efeitos, em primeiro lugar, no próprio diácono, depois na própria família, na comunidade onde serve, e na comunidade do ministério ordenado.

Nos últimos anos a vocação diaconal tem crescido, isto é, muitos bispos e presbíteros tem motivado e acolhido a vocação diaconal em suas dioceses. As diretrizes para o Diaconado Permanente da Igreja do Brasil (Doc 96 CNBB), indicam as etapas do processo formativo, bem como o perfil e os pré-requisitos necessários para se tornar um diácono permanente.

O processo de discernimento vocacional deve levar em consideração quatro critérios objetivos: pessoais, eclesiais, familiares, comunitários (Doc 96 CNBB, n. 135-147).

A Igreja é como um organismo que precisa da atividade de todos os membros: bispos, presbíteros, diáconos, religiosos, leigos.  A caridade é o sinal identificador do diácono que apoia e dá credibilidade ao anúncio do evangelho. São muitas e variadas as formas de pobreza das pessoas da nossa sociedade. Além da pobreza material, por vezes aflitiva, encontramos também formas de pobreza cultural e espiritual.

A espiritualidade diaconal é marcada pela descoberta e a partilha do amor do Cristo Servo. O CIC, no cân. 276, recomenda que o diácono deve zelar pela sua santificação pessoal. Sua vida de união com Deus, será fonte de um ministério fecundo para a construção do Reino de Deus. O Espírito de oração supõe, antes de tudo maturidade de fé, manifesta confiança no poder da graça e fidelidade no testemunho de vida. Na centralidade da  Eucaristia, na vivência dos Sacramentos e de toda a Liturgia, na Leitura Orante da Palavra de Deus, na recitação da Liturgia das Horas, na oração pessoal, familiar e contemplativa, no serviço do povo pela caridade pastoral, na orientação espiritual, na partilha comunitária e na comunhão eclesial (CNBB Doc. 74, n. 59).

Portanto, todos somos vocacionados, cada um segundo o desejo e a graça do Senhor, a participar, em comunidade e na unidade, dessa grande peregrinação eclesial neste mundo. Da missão da Igreja, e intrínsecos a ela, nascem os serviços e ministérios eclesiais, ordenados ou não ordenados. Não obstante a nossa pequenez e as nossas fragilidades, somos chamados por Cristo. O Espírito nos assiste para o serviço da Igreja ao mundo. Para isso, sempre nos é pedida a resposta generosa, o discernimento, a formação, a unidade e uma sólida espiritualidade ministerial  onde a vivência e o testemunho da identidade e comunhão eclesial do diaconado, servirá de exemplo e estímulo para outros membros da Igreja e será o objetivo final de que o ministério diaconal atua como verdadeiro ministério de unidade e comunhão na Igreja.

REFERÊNCIAS:

* Congregação para a Educação Católica e a Congregação para o Clero (1998): Normas fundamentais para a formação dos Diáconos Permanentes e o Diretório para o Ministério e a vida dos Diáconos Permanentes. (1998)

* CNBB - Doc. 74 e 96 – Diretrizes para o Diaconado Permanente da Igreja do Brasil (2003 e 2011)

* Compêndio do Vaticano II. Constituições. Decretos.Declarações. 29ª. ed.Petrópolis:Vozes, 2000;

* Diaconia da Palavra – Julio Cesar Bendinelli – Editora Paulus, 2011

* Diaconato Permanente e Ministério da Caridade – Jose Durán y Durán -Ediçoes Loyola (2003)

* Documento de Aparecida, Aparecida, Edições CNBB, 2007;

Lumen Gentium (Constituição Dogmática sobre a Igreja, Concílio Vaticano II, 1964).

 

ENAP/CND/CNBB

 Diac. Jose Gomes Batista

 Diac. Luciano Lima Santana

 Diac. Vinicius Antonio M Sousa