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Tempo propício

21/11/2019

Diácono José Carlos Pascoal

O Tempo de Quaresma é chamado na Igreja de Tempo Propício. É uma travessia, uma caminhada na História da Salvação, da realização da Promessa em Jesus Cristo.

É tempo propício para silenciar, escutar mais e falar com sabedoria, silêncio dos gestos e no coração. Ter como modelo Maria: “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração” (Lc 2,19); “...sua mãe guardava todas essas coisas em seu coração” (Lc 2,51b).

É tempo propício para orar. Disse Jesus: “Nas vossas orações não multipliqueis as palavras como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força da palavra” (Mt 6, 7).  

É tempo propício para jejuar. “Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido, para manifestar aos homens que jejuam” (Mt 6,16). O jejum tem maior sentido quando oferecemos aos pobres, aquilo que economizamos, principalmente das coisas supérfluas.

É tempo propício para a Caridade. Dom Hélder Câmara teve a visão profética ao propor a Campanha da Fraternidade durante a Quaresma. É necessário orar, jejuar, silenciar, mas é dom evangélico suprir as necessidades do próximo. Os temas sociais estão sempre em destaque nas CFs desde a década de 1990. A Igreja provoca a sociedade a debater temas que a própria sociedade sabe que são primordiais mas, muitas tem medo, ou se omite, ou se acomoda com a situação. A juventude, tema deste ano, precisa ser ouvida, compreendida, mas exortada cada vez mais a voltar a Deus e a olhar o próximo. “Há hoje um desmanche de valores, precisamos ajudar a juventude a recuperar esses valores”, diz o cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Pedro Odilo Scherer.

É tempo propício para praticar a caridade em plenitude. É oportunidade para os Grupos de Rua ou de Campanha da Fraternidade nas casas, não apenas levar o rito de oração, mas para partilharem também as necessidades das pessoas. Não como assistencialismo, mas como acolhida da Igreja e promoção social. Daí, que é oportuno que se escolham justamente casas de pessoas afastadas da Igreja, doentes, idosos, pessoas com deficiência. Estaremos realizando o sonho de Dom Hélder Câmara, de Dom Luciano Mendes de Almeida, da Beata Irmã Dulce dos Pobres.  

É tempo propício para se alegrar no Senhor. É comum ouvirmos que este tempo litúrgico é “fechado”, sem brilho. Não, é tempo de responsabilidade, porque nos preparamos para a Páscoa da Ressurreição. Então, já vivemos uma alegria interior muito grande, que é a espera de celebrar Cristo Ressuscitado. O cristão não é triste, deve ser espontaneamente alegre e a demonstração de alegria deve ser sem exageros, porém sincera.

* Presidente da CRD Sul 1 

* Coordenador da ENAC/CND