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Toda mulher tem direito de viver em paz

21/11/2019

Diácono José Carlos Pascoal/CRD Sul 1

“Elevo os olhos para os montes e pergunto: de onde virá o meu socorro? O meu socorro vem de Deus, que fez o céu e a terra”. (Salmo 121, 1-2)

O tema da Campanha da Fraternidade de 2014, “Fraternidade e Tráfico Humano”, traz à tona uma reflexão que, infelizmente, só acontece em situações pontuais: a violência contra a mulher. A sociedade faz de conta que se interessa, o Estado e a Justiça promovem ações pontuais, as Igrejas não promovem a necessária reflexão e a mulher continua a ser vítima de violência doméstica, no trabalho e tráfico sexual.

A Pastoral da Mulher Marginalizada, pastoral social de âmbito nacional e ligada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), presença solidária, profética e evangélica junto à mulher em situação em risco de prostituição e/ou violência tem atuado em três eixos de ação: 1) prostituição – ações de acompanhamento às mulheres em situação de prostituição; 2) tráfico – enfrentamento e prevenção ao tráfico de mulheres, crianças e adolescentes para fins de prostituição, abuso e exploração sexual; 3) enfrentamento ao abuso e a exploração sexual e/ou comercial de crianças e adolescentes.

O Brasil deu um grande avanço no enfrentamento à violência contra a mulher com a Lei “Maria da Penha”, mas que não é totalmente conhecida ou é ignorada por grande parte da população. As Pastorais da Mulher Marginalizada e Operária divulgaram dados da violência nos subsídios para o Dia Internacional da Mulher de 2014 (página 8, segundo encontro): Números do Anuário das Mulheres Brasileiras 2011 mostram que 4 entre 10 mulheres brasileiras sofreram violência doméstica. A Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) mostram que foram feitas 43.423 denúncias em 2006, pulando para 734.000 em 2010. A ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou em maio de 2013 que mais de um terço das mulheres do mundo é vítima de violência física ou sexual.

Uma das líderes da PMM nacional dizia da dificuldade em resgatar mulheres vítimas do tráfico sexual em outros países: “Quando ocorre o resgate através da Interpol, por exemplo, ao chegar ao Brasil a mulher continua sendo vítima, mas o Estado não oferece abrigo ou proteção, e a PMM tem conseguido com o apoio da Cáritas, como ocorreu recentemente no Rio de Janeiro (o Estado e o município alegaram não ter um local de proteção para abrigar), além do problema de discriminação que a mulher sofre por parte da sociedade.

Outro detalhe é que há Pastoral da Mulher Marginalizada em muitas dioceses, mas que não articulam para um trabalho conjunto, de troca de experiências à nível estadual ou nacional, fenômeno de muitas pastorais que ainda não entenderam o significado da Pastoral de Conjunto, ansiosamente esperada pela Igreja.

Que a Campanha da Fraternidade de 2014 nos ajude a não perder a esperança de um mundo melhor, pois toda pessoa humana, em especial neste caso, refletindo a mulher, tem direito a viver na Paz. Que tenhamos coragem de defender a causa dos marginalizados e excluídos, pois Deus nos recompensará. Que a Campanha da Fraternidade não tenha terminado no Domingo de Ramos, mas que a lute perdure enquanto houver tráfico de pessoas.