TODO RESPEITO AO CANDIDATO AO DIACONADO PERMANENTE É POUCO
15/06/2025
* Diácono Mario Ângelo Braggio
Desde há muito tempo me interesso pela formação do diácono permanente. Considero-a um poço de desafios, uma tarefa extraordinária, um trabalho para gente grande, dado os objetivos que se pretende alcançar, os conteúdos a serem abordados, as competências a desenvolver, as atitudes a corrigir e as atitudes a serem formadas. Tudo isso imerso no caldo das circunstâncias (por si só um universo à parte), das expectativas e da exiguidade do tempo. O objeto dessa formação é “sui generis”, seja pela faixa etária, seja pela história, características e repertório pessoais.
Enquanto sobeja literatura sobre a formação de seminaristas jovens a caminho do presbiterato, há carência de informações e de propostas de formação específicas para esses homens de segunda/terceira idade que chegam ao propedêutico, ou assemelhado, com uma significativa carga de experiências e vivências acumuladas no mundo da família, do trabalho, da sociedade e, inclusive, da Igreja.
Penso que, antes de tudo, há que se nutrir um profundo respeito por esses homens, que na metade das suas vidas se propõem a responder ao chamado divino participando ativamente de um itinerário formativo longo, exigente, que compreende não poucas renúncias, ausências e perdas. É verdadeiramente um pecado subestimá-los, infantilizá-los, discriminá-los ou submetê-los a situações adversas aos valores evangélicos ao longo de tal processo.
Afora isso, creio, é preciso oferecer-lhes um currículo amplo, largo e, o tanto possível, profundo, a partir, sem dúvida, do que propõe o capítulo IV das Normas Fundamentais para a Formação dos Diáconos Permanentes, com a necessária ampliação, enriquecimento e atualização, particularmente no campo da formação humana. (A esse respeito, tenho pesquisado junto a dioceses brasileiras, norte-americanas, francesas, italianas, espanholas, irlandesas e argentinas, mas esse é um assunto para outra ocasião).
Cuidemos com carinho e generosidade dos nossos candidatos ao diaconato permanente e ofereçamos a eles condições para que, de fato, possam vir a tornar-se “‘faróis’ a refletirem a ‘luz de Cristo’ nas diversas situações sociais em que estão (e estarão) inseridos”, segundo o entendimento do cardeal Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro.
* Arquidiocese de São Paulo (SP)