UM OLHAR SOBRE AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS
15/10/2020
* Diácono Pedro Fávaro Jr.
O Brasil tem hoje, nas ruas, 0,26% de sua população, 545 mil pessoas, buscando vagas nas prefeituras e câmaras de 5.570 municípios. Deles, 507.727 desejam uma cadeira no Legislativo e 19.100 pleiteiam comandar o Executivo da cidade onde moram. Sendo assim, até 15 de novembro está posto o fermento eleitoral nas ruas. E ele pode se estender, em alguns lugares, até 29 de novembro. Depois, entra na massa do bolo daqueles que vão deter o poder pelos próximos quatro anos.
Diga-se, numa eleição atípica não tanto pela pandemia, mas que em razão dela vai requerer muita criatividade para o rádio e televisão – estes dois últimos completamente desacreditados, na área da propaganda eleitoral, depois do evento das redes sociais. E, para a internet, habilidade e times ágeis e responsivos, para atender as demandas de um teatro onde não se discute mais ideias nem projetos. Mas que fazem parte – como estrutura básica – da idolatria ao Estado Espetáculo.
Na internet (Facebook e Yahoo), para além das iniciativas altruístas que certamente existirão, devem predominar as claques agressivas, quase sempre movidas por interesses muito distantes do bem comum e do fazer público, da ética.
Claro que haverá os vernizes com os quais serão revestidos os candidatos e candidatas: honestidade, probidade, competência, experiência. E outros valores massacrados pela polarização e segmentação produzida propositalmente para lucrar, pelas grandes plataformas das redes sociais desde 2006 e, também pela antipolítica – aquela historinha imbecil do não sou político, coisa impossível para quem é humano.
Especialistas lembram que o auge da antipolítica, no Brasil, foram as eleições de 2016. Alguns resquícios desse fenômeno deverão ser notados agora, em 2020. Candidatos que preferem se afastar da “política”, mas fazem parte desses quase três décimos de brasileiros atrás de uma cadeira legislativa ou do comando em uma Prefeitura. Negacionistas da política, mas candidatos... Mais ou menos como terraplanistas agradecidos pela Lei da Gravidade...
A melhor expectativa, todavia, é a de que os eleitores inteligentes – quase 148 milhões de brasileiros estão aptos a votar em novembro –, devem se afastar de promessas e de mentiras deslavadas ou do verniz, e procurar a verdade.
Será então preciso olhar para a folha corrida do candidato. Comparar a história real com o discurso quase sempre oco e vazio, mas hipnotizante e demagógico que a maioria usa para persuadir o cidadão ou cidadã. Em caso contrário, os municípios no buraco continuarão afundando e o país continuará a ser o Muro das Lamentações de todos os dias, até uma nova eleição...
O diácono Pedro Fávaro Junior, da Diocese de Jundiaí (SP) é jornalista e escritor.