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Um Papa surpreendente

22/11/2019

Muita gente se surpreendeu, não somente os católicos, com a eleição do Cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio como Sumo Pontífice. Enquanto se especulava na imprensa e na própria Igreja vários nomes, eis que é eleito quem não estava tão cotado assim. Mais uma vez fica provada a ação do Espírito Santo na Igreja.

 

Mas, as surpresas não param por aí. As ações ministeriais do papa, que escolheu o nome de Francisco continuam surpreendendo. São ações despojadas de poder, mas carregadas do dom do serviço, dom da caridade, dom de Deus. Papa Francisco assumiu com clareza as palavras de Jesus: “Vim para servir, não para ser servido”.

 

Suas exortações são muito significativas. Aos cardeais e bispos pede que “deixem seus palácios para viver junto ao povo”; aos presbíteros pede que “sintam o cheiro das ovelhas”; aos neo diáconos (transitórios) argentinos diz: "não sejam diáconos de aluguel nem funcionários. A Igreja não é uma ONG. Que no serviço entreguem suas vidas". Aos leigos pede que sejam exemplos de solidariedade para com os excluídos e mantenham a fé como testemunho.

 

Francisco não está falando para fazerem: ele mesmo o faz. Durante sua vida de diácono, presbítero, bispo e arcebispo, nunca deixou de socorrer os pobres, de viver como pobre. Não fez do poder um “status”, mas sempre levou o poder a servir o povo. Por isso incomoda os poderosos.

 

O que deveria ser normal na Igreja, chama a atenção por ser diferente na própria Igreja. O mandato de Jesus é para o serviço, mas na Igreja isso passou a ser missão de poucos. A exortação do Pontífice é justamente para que isso seja o “normal”, não o “extraordinário”. A sociedade passa por muitas mudanças, mas a missão evangélica dada por Jesus aos apóstolos e transmitida de geração em geração à Igreja não deve ser mudada. A contaminação do poder não deve ser sentida na Igreja.

 

Quem sabe Deus não está de novo falando a Francisco: “Reconstrói a minha Igreja”. Não deveria surpreender ninguém ver um papa sair do seu trono e ir ao encontro do povo. Não deve surpreender ninguém ver o papa lavar os pés de presidiários, homens e mulheres, católicos e muçulmanos. O seu gesto deve ser imitado por todos nós que acreditamos num mundo melhor, sem diferenças. A Igreja, em especial na América Latina anuncia há muitos anos a “opção preferencial pelos pobres”. Eis o momento propício de colocar isso em prática.

 

Diácono José Carlos Pascoal

Presidente da CRD Sul 1